Choques deixam cerca de 14 mortos e cem feridos na Bolívia

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Por Agencia Estado
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A Bolívia mergulhou nesta quarta-feira num clima de convulsão social, com choques entre policiais amotinados e soldados do Exército que, nas últimas horas, causaram a morte de cerca de 14 pessoas e ferimentos em outras cem, de acordo com emissoras de rádio e TV de La Paz. A onda de violência teve início nesta terça-feira, depois que o presidente Gonzalo Sánchez de Lozada enviou ao Congresso um projeto de reforma tributária que taxaria em 12,5% o salário da maior parte dos trabalhadores bolivianos. Pressionado, Sánchez de Lozada recuou e anunciou no começo da noite desta quarta-feira que o aumento de impostos estava revogado. Antes do recuo do governo, policiais de uma guarnição localizada a cerca de cem metros do palácio do governo, o Grupo Especial de Segurança (a unidade antidistúrbio da polícia), se revoltaram e passaram a lançar bombas de gás lacrimogêneo contra o edifício presidencial. Os policiais exigiam, além da revogação do aumento de impostos, um reajuste de vencimentos de 40%. Durante a manhã desta quarta, estudantes e trabalhadores filiados à Central Operária Boliviana (COB) começaram a concentrar-se na Praça Murillo, diante da sede do governo, para juntar-se ao protesto dos policiais e exigir a renúncia de Sánchez de Lozada. Soldados do Exército entraram na praça - ao redor da qual se localizam ainda a sede do Congresso e a da Chancelaria -, por volta do meio-dia, e o local se transformou num campo de batalha. Tiros eram disparados dos telhados dos edifícios. O ruído dos intensos tiroteios, da detonação de armamento pesado e das sirenes das ambulâncias tomou conta do centro da cidade. Hospitais e clínicas das proximidades ficaram lotados de feridos muitos dos quais baleados. O conflito se espalhou para o município de El Alto, vizinho de La Paz, onde civis enfrentavam soldados do Exército com paus e pedras. Militares e policiais foram postos em estado de alerta máximo em Cochabamba, Santa Cruz, Tarija, Oruro e Potosí. A COB, apoiada pela Confederação de Empresários Privados (CEPB), propôs o início de uma greve geral contra a política econômica do governo. Em meio às exigências para que renuncie, Sánchez de Lozada foi à TV para pedir calma à população e anunciar a retirada do projeto. "Tomei a decisão de retirar o projeto de lei de orçamento que enviamos ao Congresso", disse. O porta-voz da presidência, Mauricio Antezana, convocou uma trégua para o estabelecimento de um diálogo com a oposição. Antezana acrescentou que o governo está disposto a ouvir as propostas opositoras para reduzir o déficit fiscal de 8,5% para 5% - nível necessário para reativar a economia nacional.

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