CIA ajudou a eliminar líderes das Farc

Programa secreto criado por Bush e mantido por Obama, com participação da NSA transferiu à Colômbia informações sobre localização dos chefes da guerrilha e bombas guiadas por GPS

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Por Redação
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Familiares de sequestrados pela guerrilha fizeram vigília em Bogotá no sábado, 21. (Foto: Mauricio Dueñas Castañeda/EFE)

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WASHINGTON - Um programa secreto da Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA ajudou o governo da Colômbia a eliminar vários líderes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na última década, entre eles Raúl Reyes no Equador, segundo reportagem publicada no domingo, 22, pelo Washington Post.

De acordo com o jornal, o programa contou com ajuda fundamental da Agência Nacional de Segurança (NSA), e teve um "orçamento de muitos milhões de dólares", de caráter sigiloso, que não faz parte do chamado Plano Colômbia - pelo qual o governo americano envia US$ 700 milhões por ano aos militares colombianos.

O programa da CIA foi implementado com autorização do então presidente George W. Bush (2001-2009), no início do seu governo, e mantido por Barack Obama, afirmou o jornal, que consultou mais de 30 fontes envolvidas no processo.

Desde o início, o papel dos EUA era proporcionar inteligência para localizar líderes das Farc e, a partir de 2006, fornecer um sistema de rastreamento por GPS para converter bombas de gravidade em bombas de alta precisão.

A combinação dos dados da inteligência e das bombas guiadas por GPS permitiu, em 2008, que a Força Aérea colombiana localizasse e eliminasse o líder da guerrilha, Raúl Reyes, em território equatoriano, o que desencadeou a pior crise diplomática entre os dois países em mais de uma década.

O Washington Post lembrou que, em 2006, a Colômbia foi o país que recebeu a terceira maior ajuda militar americana, depois de Egito e Israel, mas este programa secreto deu um salto qualitativo quando passou a incluir os dispositivos GPS. Uma bomba com esse sistema matou, naquele ano, Abu Musab al-Zarqawi, um dos chefes da Al-Qaeda, no Iraque. O ataque fez o então presidente colombiano, Álvaro Uribe, pedir em caráter reservado a Bush para receber o equipamento.

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Entretanto, os americanos não entregaram aos colegas de Bogotá os códigos de criptografia que permitiam comunicar o sistema de orientação das bombas aos cérebros eletrônicos guiados por GPS.

Em 2007, operações realizadas com o novo sistema de bombas inteligentes provocaram a morte de dois líderes das Farc. Primeiro, Tomás Medina, o "Negro Acacio", e, seis semanas mais tarde, Gustavo Rueda, o "Martin Caballero".

Em 2008, a CIA localizou Reyes num acampamento no Equador, a pouco mais de 1,5 quilômetro da fronteira com a Colômbia. "Foi uma descoberta incômoda para a Colômbia e os EUA. Realizar um ataque significava que pilotos colombianos em aviões colombianos destruiriam um acampamento usando bombas construídas nos EUA e com um cérebro eletrônico controlado pela CIA", destacou o Washington Post.

Em 2010, os EUA repassaram à Colômbia os códigos de criptografia das bombas inteligentes.

EXTRADIÇÃO

Um tribunal do estado da Virgínia, nos EUA, solicitou em novembro que a Colômbia extradite dois membros das Farc que fazem parte da equipe que negocia com o governo de Juan Manuel Santos em Havana, segundo reportagem da edição de hoje do jornal colombiano El Tiempo.

Os guerrilheiros Omar Retrepo e Adán Jimenez seriam responsáveis pela "Frente 36" das Farc no Departamento (Estado) de Antioquia, no norte da Colômbia, e são acusados de tráfico de armas e de drogas, segundo documentos da Procuradoria-Geral da Colômbia, citados pelo jornal.

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Em 2012, o presidente Santos baixou decreto que suspendeu todas as ordens de captura de membros das Farc que façam parte da equipe de negociação. O texto não suspende, porém, ações penais em andamento. / AFP