CIA defende-se de relatório do Senado acusando agência de tortura

O temor é que o registro das ações passe a definir a agência como torturadora em vez de patriota e exponha seus integrantes à ações da Justiça em todo o mundo

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Por Redação
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Segundo ex-diretor, o relatório "trata-se de um estudo unilateral, marcado por erros de fato de e interpretação" Foto: Ron Edmonds/AP

A Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) e vários de seus antigos dirigentes fazem uma campanha para desacreditar uma investigação de cinco anos do Senado sobre as práticas de interrogatório da CIA após o 11 de Setembro. O temor é que o registro das ações passe a definir a agência como torturadora em vez de patriota e exponha seus integrantes à ações da Justiça em todo o mundo.

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O relatório do Comitê de Inteligência do Senado não sugere a abertura de processos por irregularidades e o Departamento de Justiça não tem interesse em reabrir uma investigação criminal. Mas a ameaça a antigos interrogadores e seus superiores foi levantada quando um investigador especial da Organização das Nações Unidas (ONU) exigiu que os responsáveis pelos "crimes sistemáticos" sejam levados à Justiça e grupos de direitos humanos fizeram pressão pela prisão de importantes figuras da CIA e do governo Bush, caso eles viagem para o exterior.

Funcionários atuais e antigos da CIA estão determinados a apresentar o relatório do Senado como um golpe político de democratas da casa com o objetivo de manchar um programa que salvou vidas de norte-americanos. Segundo escreveram os ex-diretores da agência George Tenet, Porter Goss e Michael Hayden na página de opinião do Wall Street Journal, "trata-se de um estudo unilateral, marcado por erros de fato de e interpretação. Essencialmente um ataque mal feito e partidário contra a agência que fez o máximo para proteger a América."

O documento de 500 páginas do comitê de inteligência concluiu que a CIA infligiu sofrimento aos prisioneiros da Al-Qaeda num nível além de sua autoridade legal e que nenhum dos "interrogatórios intensificados" forneceu informações importantes que salvaram vidas. O relatório cita os próprios registros da CIA, que documentam em detalhes como a prática do

waterboarding (afogamento simulado) e uma técnica menos conhecida, chamada "alimentação retal", foram empregadas.

A CIA está agora na posição desconfortável de se defender publicamente, tendo em vista sua missão básica de proteger o país secretamente. A agência lançou um documento de 136 páginas para refutar o relatório do Senado no qual diz que os democratas do Senado procuraram em milhões de documentos e escolheram apenas evidências que corroboram conclusões predeterminadas.

Contestando um dos argumentos mais explosivos do relatório, que as técnicas de interrogatório não levaram à captura de Osama bin Laden, a CIA afirmou que o interrogatório de Ammar al-Baluchi, que revelou como um integrante da Al-Qaeda retransmitida mensagens de e parta Bin Laden depois de ele ter saído do Afeganistão. Antes disso, a CIA sabia apenas que o mensageiro Abu Ahmad al-Kuwaiti havia interagido com Bin Laden em 2001, quando o líder da Al-Qaeda era acessível a muitos de seus seguidores. Al-Kuwaiti eventualmente levou as forças norte-americanas ao complexo de Bin Laden no Paquistão. Fonte: Associated Press.

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