CIA libera documentos sobre o nazismo

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Por Agencia Estado
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O médico que tratava de Adolf Hitler pensava, antes do início da Segunda Guerra Mundial, que o "fuhrer" poderia vir a ser "o criminoso mais louco que o mundo já conheceu", segundo documentos tornados públicos pela CIA, o serviço secreto dos Estados Unidos, nesta sexta-feira. Os documentos liberados nesta sexta-feira pela central de inteligência norte-americana também indicam que Kurt Waldheim, o oficial nazista austríaco que tornou-se secretário-geral das Nações Unidas e presidente da Áustria, nunca foi informante dos americanos, mas talvez tenha sido dos soviéticos. A CIA liberou milhares de documentos que estão sendo analisados com a ajuda de organizações comprometidas em reconstruir a verdade histórica da Segunda Guerra Mundial. A maioria dos testemunhos históricos tratam de Adolf Hitler e outros líderes nazistas, entre eles Josef Mengele, Adolf Eichmann, Heinrich Mueller e Klaus Barbie. Alguns deles, depois da guerra, tornaram-se informantes de serviços de inteligência ocidentais e assim conseguiram evitar serem castigados por seus crimes. Os 20 arquivos apresentados numa entrevista coletiva somam um total de 10.000 páginas. Entre elas, existem comentários sobre Hitler feitos pelo médico Ferdinand Sauerbruch num informe, em 7 de dezembro de 1944, de Ron Carroll, do OSS (Escritório de Estudos Estratégicos), o antecessor da CIA (Agência Central de Inteligência). Hitler foi descrito pelo médico como "um caso limite entre o gênio e o louco". Carroll duvidava da credibilidade do informante, um tal de Hans Bie, que teria ouvido a confidência de Sauerbruch em janeiro de 1937. "O médico contou que, tendo observado Hitler de perto por anos, formou a opinião de que a mente de Hitler iria cedo ou tarde desembocar na genialidade ou na loucura". Em abril de 1937, o médico voltou a conversar com Bie e lhe disse que, para ele, "o caminho em direção à loucura havia começado: o primeiro sintoma foi a demissão de membros moderados de seu governo". Até agora, a administração norte-americana levantou o embargo de mais de 3 milhões de páginas de documentos sobre a Segunda Guerra Mundial e a hierarquia nazista, e inclusive divulgou documentos sobre a Guerra do Pacífico. Segundo alguns estudiosos que os examinaram, os documentos demonstraram que os Estados Unidos tiveram em suas mãos criminosos de guerra nazistas menores - o material remete a 14 desses casos, suspostos agentes nazistas recrutados pelos Estados Unidos devido a seus conhecimentos na luta anti-soviética. Ainda serão necessários estudos para extrair a verdade dos documentos desclassificados, mas uma coisa parece certa: Allen Dulles, que foi chefe da CIA e era irmão de Foster Dulles, secretário de Estado do presidente Dwight Eisenhower nos anos 50 negociou em segredo na Suíça com oficiais nazistas que haviam cometido crimes de guerra. Esses oficiais logo utilizaram seus contatos com Allen, que na época era agente do OSS, para protegerem-se depois da guerra.

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