CIA tem se mostrado maior teste de Obama

Novo presidente terá de moralizar agência para manter sua importância

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Por NYT
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Nos dois anos de campanha presidencial, Barack Obama arrastou multidões com críticas duras às políticas de combate ao terror adotadas pelo presidente George W. Bush - da detenção de suspeitos em prisões secretas, aos procedimentos usados em interrogados. Eleito presidente, Obama agora deve assumir o controle sobre a CIA, tarefa apontada como um de seus maiores desafios. Na última semana, o veterano da agência de inteligência John O. Brennan, um dos cotados para a nova chefia da CIA, retirou seu nome da disputa depois que virou alvo de críticas. Democratas o acusaram de ter participado do controvertido programa de interrogatório de suspeitos de terrorismo. Brennan afirmou ter sido "um forte oponente" dentro da CIA dos interrogatórios mais violentos. Obama, entretanto, rapidamente percebeu que a nomeação não valeria a batalha com seus próprios partidários. A dificuldade de romper com o legado de Bush na CIA, mantendo ao mesmo tempo o foco da agência na luta contra o terrorismo, complica a busca de Obama por um novo nome. Para Mark M. Lowenthal, veterano da espionagem que deixou a agência em 2005, o fato de Obama ter descartado o nome de Brennan envia uma mensagem clara. "Se você trabalhou para a CIA na guerra ao terror, você agora está marcado", resumiu. A condenação prévia já estaria causando calafrios em funcionários de programas clandestinos da agência. DESAFIO MORAL A preservação das detenções secretas - com interrogatórios mais agressivos do que aqueles realizados por militares e transferências de prisioneiros para países que torturam - é a maior questão que Obama terá de enfrentar quanto à CIA. Em seus dois anos de campanha, o presidente eleito falou várias vezes em restaurar os "valores americanos" também na luta contra o terrorismo internacional. Obama prometeu banir as regras que autorizam os interrogatórios secretos da CIA, submetendo todos os interrogadores aos procedimentos utilizados pelos militares. "Não podemos ganhar a guerra sem respeitar um alto padrão, mantendo as pessoas do nosso lado", disse em discurso Obama. "Como a última administração não fez isso, hoje temos mais inimigos", completou.

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