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Cidade cria órgão que recebe delações sobre irregulares

Prefeito da Liga Norte abre escritório para ouvir denúncias que levem à prisão de clandestinos

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Por Redação
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Em 2008, uma lei proposta pelo Ministério do Interior da Itália passou a autorizar prefeitos a receber denúncias anônimas que levem à prisão de imigrantes clandestinos em todo o país. A"permissão" foi bem aproveitada por Leonardo Ambrogio Carioni, prefeito de Turate, na Lombardia, norte da Itália. Desde o início do ano, um escritório abre as portas na cidade uma vez por semana para receber a "colaboração" popular contra estrangeiros que vivam sem documentos no país. O Escritório de Controle da Polícia Judiciária de Turate funciona na prefeitura, às quintas-feiras à tarde. O objetivo é estimular "o cidadão a se tutelar", segundo argumentou Carioni ao Estado, por telefone. No dia em que a reportagem esteve na cidade, nenhum dos moradores apareceu para prestar queixa contra os estrangeiros da região, a maior parte marroquinos. "Nossa administração adotou esse método para permitir à população evitar que clandestinos ponham em risco sua segurança", disse o prefeito, filiado à Liga Norte. Questionado sobre como encarava as críticas de racismo que sua administração vem recebendo, ele pediu para desligar e não atendeu mais a reportagem. Para Carioni, o novo órgão é um instrumento de combate à violência, não de perseguição de ilegais.Entre os 9 mil habitantes de Turate, há cerca de 800 estrangeiros. Mas o número dos imigrantes em situação irregular é desconhecido.Segundo funcionários da prefeitura, as delações normalmente são feitas por telefone e depois uma visita é programada. Entre os habitantes da região, as opiniões sobre o Escritório de Controle se dividem. "Acho justo. Há muitos imigrantes que não trabalham, nem estudam. Eles não fazem nada", afirmou uma comerciante que não quis se identificar. "Os marroquinos causam problemas."Para o aposentado Giancarlo Rimoldi, de 75 anos, a iniciativa do prefeito tem fundo eleitoral. "Sou apolítico, mas não é difícil perceber que ele está só levando adiante uma bandeira da Liga Norte", afirmou. Contrário à medida, Rimoldi disse não ter nada contra os estrangeiros. "Não sou racista contra os que vêm de fora da União Europeia porque os problemas da Itália não têm nada a ver com eles", afirmou. Mas, em seguida, o aposentado revelou um preconceito mais antigo: "Sou racista em relação aos sulistas. O problema da Itália sempre foi e continua sendo o sul, sustentado por nós." A.N.

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