Cidade holandesa restringe turismo da maconha a belgas e alemães

'Coffee shops' de Maastrich querem evitar transtornos causados por visitantes de outros países europeus.

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Por Clivia Caracciolo
Atualização:

Os proprietários dos coffee shops, cafés que vendem maconha e haxixe em quantidades limitadas, da cidade de Maastricht, no sul da Holanda, decidiram limitar a venda de drogas a turistas - e somente os belgas e os alemães poderão comprar drogas nesses locais, a partir de 1º de outubro. A medida segue uma resolução do Conselho de Estado holandês, e tem como objetivo diminuir a presença de turistas de países europeus que vão à Holanda apenas para comprar drogas nos coffee shops em cidades fronteiriças. Maastricht fica bem perto da fronteira com a Bélgica e a Alemanha, mas a restrição não será aplicada a turistas alemães e belgas, porque segundo Marc Josemans, presidente da associação Coffee Shops Oficiais de Maastricht (VOCM, sigla em holandês), o principal alvo da medida são os turistas de países europeus mais distantes, que chegam de carro e "perturbam a ordem do trânsito local e causam desordem e destruição, principalmente nos fins de semana". A Associação espera diminuir inicialmente em 20% a presença desses turistas. Segundo Josemans, a meta é que 500 mil consumidores de maconha e haxixe de países como França, Luxemburgo, Itália e Espanha "se desencorajem de vir até a Holanda somente para comprar drogas". "Não descartamos a possibilidade de que os turistas recusados nos coffee shops venham a comprar droga ilegalmente nas esquinas, o que será lamentável, mas desde agosto estamos fazendo panfletagem nos cafés locais e na mídia de países europeus para informar sobre a nova situação", diz. Dados do Instituto Nacional para a Gerência de Crises e Segurança indicam que Maastricht recebe 10.500 visitantes por dia e cerca de 3,8 milhões por ano, sem contar outras cidades fronteiriças, como Rosendaal, Bergen op Zoom, Terneuzen e Eindhoven, entre outras, que também alegam ter problemas com turistas em busca de drogas. Reservas da prefeitura A prefeitura de Maastricht acolheu a iniciativa do setor privado com reservas, e divulgou nota aberta alertando que há um forte elemento discriminatório em seu conteúdo. A administração municipal pediu que o Conselho de Cidadãos fique atento para informar eventuais "deslizes" da medida, que vai vigorar em caráter experimental. De acordo com a nota, o Conselho Municipal vai esperar a publicação da política nacional relativa às restrições - ou não - a estrangeiros aos coffee shops e outras mudanças ao tratamento tolerante às drogas leves que vigora na Holanda desde 1976. A prefeitura de Amsterdã, que possui o maior número de coffee shops do país (em torno de 200), não é a favor de restringir a presença de turistas nos estabelecimentos, nem de reduzir a quantidade de cafés na cidade. A administração da capital, junto de dois terços das 106 prefeituras holandesas, declarou que não enfrenta problemas com os coffee shops. Em 2008, houve o fechamento de alguns locais no centro da capital, no chamado "distrito da luz vermelha", suspeitos de servir de fachada para o crime organizado. Outro motivo foi a proximidade dos coffee shops a escolas secundárias. A lei exige que eles sejam mantidos a um mínimo de 250 metros de escolas. Segundo a Assessoria de Marketing e Turismo de Amsterdã, cerca de 23% dos turistas que visitam a cidade vão a coffee shops experimentar alguma erva disponível no cardápio. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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