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Cientista iraniano desaparecido pede abrigo em embaixada nos EUA

Irã havia acusado governo americano de sequestrar Shahram Amiri, mas Washington nega

Atualização:

WASHINGTON - Um cientista nuclear iraniano desaparecido, que o Irã diz ter sido sequestrado há um ano pela Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês), reapareceu nesta terça-feira, 13, no escritório de representação iraniano que funciona na Embaixada do Paquistão em Washington, onde pediu refúgio. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Paquistão, Adbul Basit, que Shahram Amiri está buscando uma repatriação imediata ao Irã. Em junho, foram divulgados vídeos que supostamente mostravam Amiri, mas com informações contraditórias sobre seu paradeiro e sua condição. O cientista havia desaparecido no ano passado, durante uma peregrinação à Arábia Saudita. O governo dos EUA negou as acusações de que seria responsável pelo seu desaparecimento. Programa nuclear A mídia iraniana diz que Amiri trabalhava como pesquisador na Universidade de Teerã, mas alguns relatos afirmam que ele trabalharia para a agência iraniana de energia atômica e que teria um profundo conhecimento do polêmico programa nuclear do país. A rede americana de TV ABC News relatou em março que ele havia desertado e que estaria colaborando com a CIA, fornecendo informações valiosas sobre o programa nuclear iraniano. No início do mês, porém, o governo do Irã disse ter provas de que ele estaria sendo mantido à força nos EUA. A acusação foi feita após três vídeos mostrando supostamente Amiri terem sido divulgados - o primeiro dizendo que ele havia sido sequestrado, o segundo dizendo que ele estava vivendo livremente no Arizona, e o terceiro dizendo que ele havia escapado de seus sequestradores. Embaraço americano O ex-correspondente da BBC em Teerã Jon Leyne diz que a versão iraniana da história parece estar sendo confirmada pelos eventos em Washington. Para Leyne, a súbita aparição de Amiri na embaixada paquistanesa representa um grande constrangimento aos serviços de inteligência americanos e pode levar a um conflito diplomático. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Paquistão, o chefe do escritório de representação iraniano em Washington, Mustafa Rehman, planeja repatriar o cientista ao Irã. Mas apesar de as autoridades americanas não poderem entrar nas dependências diplomáticas estrangeiras, elas podem impedir Amiri de sair do prédio. O escritório de representação iraniano funciona dentro da embaixada paquistanesa, mas é administrado por iranianos. Os Estados Unidos cortou as relações diplomáticas com o Irã pouco após a Revolução Islâmica de 1979. Vídeos contraditórios Os dois primeiros vídeos supostamente mostrando Amiri foram divulgados pelo YouTube no dia 8 de junho, com informações contraditórias. No primeiro, inicialmente divulgado pela mídia iraniana, um homem que se diz Amiri diz ter sido sequestrado pelos Estados Unidos durante uma peregrinação à cidade saudita de Medina e diz que estaria vivendo no Estado americano do Arizona. Na ocasião, o governo iraniano descreveu o vídeo como prova de que ele estaria sendo mantido nos EUA contra sua vontade. No segundo vídeo, colocado horas depois no YouTube, um homem com aparência semelhante também dizia ser o cientista e afirmava estar vivendo livremente e com segurança nos EUA. O terceiro vídeo, divulgado pela TV iraniana no dia 29 de junho, mostra um homem que diz ser o cientista afirmando ter escapado de seus captores. "Eu, Shahram Amiri, sou um cidadão da República Islâmica do Irã, e há alguns minutos consegui escapar de agentes de segurança americanos na Virgínia", afirma o homem no vídeo. "No momento, estou produzindo este vídeo em um lugar seguro. Eu posso ser preso novamente a qualquer hora", diz ele. O homem no vídeo também renega o segundo vídeo, dizendo que ele era "uma completa falsificação". "Eu não estou livre aqui e não tenho permissão para contatar minha família. Se algo acontecer e eu não voltar vivo para casa, o governo dos EUA será responsável", diz ele.

 

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O vídeo termina com um homem pedindo às autoridades iranianas e às organizações internacionais de defesa dos direitos humanos para "colocarem pressão sobre o governo americano" por sua soltura e retorno ao Irã. "Não estava preparado para trair meu país sob nenhum tipo de ameaça ou suborno do governo americano", afirmou.

 

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