Cientista nuclear iraniano deixa os EUA rumo a Teerã

Irã diz que continuará investigando papel dos EUA em suposto sequestro de Shahram Amiri

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Por Alessandra Corrêa
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WASHINGTON - Um cientista nuclear iraniano que chegou a dizer que teria sido sequestrado pela Agência Central de Inteligência (CIAm na sigla em inglês) dos EUA deixou Washington e está a caminho de Teerã, informou nesta quarta-feira, 14,a agência estatal de notícias Irna. Representantes do Ministério do Exterior iraniano, que diz ter provas de que Shahram Amiri teria sido sequestrado no ano passado, disseram à Irna que ele deixou o território americano rumo a um terceiro país, do qual seguirá viagem ao Irã. Não há voos diretos entre os Estados Unidos e o Irã. Os dois países não mantêm relações diplomáticas. Um porta-voz do ministério do Exterior iraniano, Ramin Mehmanparast, disse que o governo pretende continuar investigando o caso e utilizar meios legais e diplomáticos para saber qual o papel que o governo americano teve no suposto sequestro de Amiri O cientista havia desaparecido no ano passado, durante uma peregrinação à Arábia Saudita. Na noite de segunda-feira, Amiri apareceu pedindo refúgio no escritório de representação iraniano que funciona na Embaixada do Paquistão em Washington. O governo dos EUA negou as acusações de que seria responsável pelo seu desaparecimento. Na terça-feira, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que o cientista nuclear estava nos EUA por vontade própria e que era livre para deixar país e retornar ao Irã. Programa nuclear A imprensa iraniana afirma que Amiri trabalhava como pesquisador na Universidade de Teerã. No entanto, há relatos de que ele trabalharia para a agência iraniana de energia atômica e teria conhecimentos profundos do programa nuclear do Irã. Em meio a informações conflitantes, a rede de TV americana ABC chegou a dizer que Amiri havia desertado e estaria colaborando com a CIA, fornecendo informações importantes sobre o programa nuclear iraniano. No início do mês, Teerã disse ter provas de que Amiri estava sendo mantido à força nos EUA. Os Estados Unidos são um dos principais críticos do programa nuclear iraniano e pressionam o país a interromper seu processo de enriquecimento de urânio, sob a alegação de que o governo iraniano possa planejar desenvolver armas nuclerares secretamente. O governo iraniano nega essas alegações, diz que seu programa nuclear é pacífico e se recusa a interromper o enriquecimento de urânio. No mês passado, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma quarta rodada de sanções para pressionar o Irã a interromper seu programa nuclear. Americanos Em entrevista a jornalistas na terça-feira, Hillary Clinton aproveitou o caso para mencionar a situação dos três americanos detidos por Teerã desde o ano passado sob acusação de espionagem, após terem cruzado a fronteira entre o curdistão iraquiano e o Irã. "Em contraste (com a postura dos Estados Unidos em relação a Amiri), o Irã continua a manter três jovens americanos contra sua vontade", disse a secretária. "E nós reiteramos nosso pedido de que ele sejam libertados e possam voltar para suas famílias", afirmou. "Nós também continuamos sem informações sobre o bem-estar e o paradeiro de Robert Levenson, que está desaparecido no Irã desde 2007", disse a secretária, referindo-se ao caso de um ex-agente do FBI (a polícia federal americana). "Nós continuamos a pedir a cooperação iraniana para resolver essa questão e assegurar seu retorno em segurança aos Estados Unidos", afirmou Hillary.

 

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