Cinco mitos sobre o 11 de Setembro

Teses equivocadas sobre os ataques e suas consequências persistem, apesar de tantas análises sobre as motivações e as respostas aos atentados

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Por Brian Michael Jenkins
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Todos nós lembramos onde estávamos em 11 de setembro de 2001. Na década seguinte, comissões, filmes, livros ou reportagens não conseguiram acabar com conceitos errôneos sobre o que significaram os ataques, a resposta dos EUA e a ameaça ainda existente. Vamos abordar mitos persistentes. 1. Os ataques eram inimagináveis: Em 2002, a Casa Branca descreveu o 11 de Setembro como "um novo tipo de atentado, que não tinha sido previsto". Mas a possibilidade de aviões sequestrados se espatifarem contra prédios não era algo inimaginável. A ideia remonta a, no mínimo, 1972, quando piratas do ar mataram um copiloto da Southern Airways e ameaçaram lançar o avião contra uma usina nuclear no Tennessee. 2. Os ataques foram um sucesso estratégico para a Al-Qaeda: Eles foram audaciosos, sem precedentes e um sucesso tático - mas também um erro estratégico. Para Osama bin Laden, a intenção dos ataques era fazer com que os EUA saíssem do Oriente Médio. Muitos comandantes da Al-Qaeda previram, porém, que o país concentraria sua fúria no grupo terrorista e em seus aliados. Quando isso ocorreu, Bin Laden disse que sua intenção havia sido fazer com que os EUA entrassem em uma guerra que inflamaria todo o Islã contra o país - o que também não ocorreu. 3. Washington reagiu desproporcionalmente: Na década posterior ao 11 de Setembro, os EUA sofreram menos ataques terroristas do que em qualquer outra desde os anos 60. Na ocasião, contudo, era necessária uma ação imediata. E isso implicava reforçar a inteligência, aumentar a segurança interna e usar força militar no exterior. O fato de a invasão do Iraque ter sido retratada como parte da guerra global contra o terrorismo - para se conseguir apoio político interno - não tornou a reação exagerada. Na verdade, a guerra se traduziu num enorme desvio de recursos da luta contra os terroristas e um favor prestado à Al-Qaeda para prosseguir com seu recrutamento. 4. Um ataque terrorista nuclear é quase inevitável: Diante dos atentados, a capacidade nuclear da Al-Qaeda tornou-se obsessão. Em 2008, o então diretor da CIA, Michael Hayden, definiu a organização como preocupação nuclear "número um". Mas não há nenhuma evidência de que a Al-Qaeda possua esse armamento. 5. As liberdades civis nos EUA foram dizimadas: A Constituição foi mantida. A prisão preventiva de suspeitos de atos terroristas, um procedimento comum em inúmeros países democráticos, foi rejeitada. Os valores americanos, porém, não prevaleceram no tratamento de combatentes e suspeitos estrangeiros, que foram mantidos em prisões secretas, sofreram torturas ou foram submetidos a interrogatórios sob coação. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO É COEDITOR DO LIVRO THE LONG SHADOW OF 9/11: AMERICA'S RESPONSE TO TERRORISM

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