Cinco possíveis respostas de Teerã ao assassinato de Suleimani

Da guerra à diplomacia, saiba quais são as opções que podem ser consideradas 

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Por Redação
Atualização:

DUBAI - Os líderes do Irã prometeram vingar o assassinato pelos Estados Unidos do general Qassim Suleimani, comandante da Força Quds da Guarda Revolucionária iraniana.

Da guerra à diplomacia, saiba quais são as opções que podem ser consideradas: 

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PODER MILITAR

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, e o presidente dos EUA, Donald Trump, falam duramente, mas nenhum deles sinalizou interesse em uma guerra total, embora a possibilidade de confronto militar não possa ser descartada.

Se Khamenei defender moderação, ele pode parecer fraco dentro de seu país e entre representantes regionais. Portanto, ele pode optar por retaliação em pequena escala.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, ao lado do presidente iraniano, Hassan Rouhani, e de outras autoridades do país diante do caixão do general Suleimani Foto: Official President's website/Handout via Reuters

Karim Sadjadpour, membro sênior do Carnegie Endowment for International Peace, diz que Khamenei precisa calibrar cuidadosamente a reação. “Uma resposta fraca arrisca perder respeito, uma resposta excessiva pode colocar em risco seu poder.”

Um relatório da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA em dezembro afirmou que o Irã depende de três principais capacidades militares — seu programa de mísseis balísticos, forças navais que podem ameaçar a navegação na região produtora de petróleo do Golfo e milícias aliadas em países como Síria, Iraque e Líbano.

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O Irã diz ter mísseis guiados com precisão, mísseis de cruzeiro e drones armados capazes de atingir as bases militares dos EUA no Golfo e chegar a Israel, arqui-inimigo do governo iraniano.

Teerã ou seus representantes podem atacar navios petroleiros no Golfo e no Mar Vermelho, usando rotas de petróleo e outras trocas comerciais que ligam o Oceano Índico ao Mediterrâneo pelo Canal de Suez.

BLOQUEIO DO ESTREITO DE ORMUZ

O Irã não pode fechar legalmente o Estreito de Ormuz unilateralmente, porque parte está nas águas territoriais de Omã. No entanto, os navios passam pelas águas iranianas, que estão sob a responsabilidade da Marinha da Guarda Revolucionária Islâmica.

Teerã poderia usar mísseis, drones, minas e lanchas para enfrentar os Estados Unidos e seus aliados no estreito, por onde passa um quinto da produção mundial de petróleo. Qualquer interrupção pode elevar os preços do petróleo acentuadamente.

TÁTICAS ASSIMÉTRICAS E ALIADOS

O Irã transmitiu armas e conhecimentos técnicos aos aliados. Os houthis do Iêmen usaram mísseis e drones fabricados no Irã para bombardear aeroportos na Arábia Saudita.

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Os Estados Unidos e a Arábia Saudita acusam o Irã de atacar navios petroleiros perto do Estreito de Ormuz no ano passado e dizem que Teerã estava por trás de ataques a instalações de petróleo sauditas. Teerã nega.

Milícias apoiadas pelo Irã no Iraque têm atacado bases onde estão localizadas as forças dos EUA. Em junho, o Irã derrubou um drone americano com um míssil terra-ar, deixando os dois lados à beira de um conflito direto.

LONGO ALCANCE DO IRÃ

O Irã e seus aliados podem projetar poder além da região. Em 1994, um membro do movimento libanês Hezbollah fez um ataque com bomba no edifício da Sociedade de Ajuda Mútua Judaica Argentina em Buenos Aires (Amia), matando 85 pessoas. A Argentina culpou o Irã e o Hezbollah pelo ataque. Eles negam qualquer responsabilidade.

A Argentina também culpou o Hezbollah por um ataque à Embaixada de Israel em Buenos Aires em 1992, que matou 29 pessoas.

DIPLOMACIA

Os líderes iranianos já mantiveram a porta aberta à diplomacia para alcançar os objetivos, especialmente quando sua economia foi esmagada pelas sanções dos EUA.

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“O Irã e a América trabalharam juntos no passado, no Afeganistão, no Iraque e em outros lugares. Eles têm interesses e inimigos em comum. Um confronto militar será caro para ambos os lados. Mas a diplomacia pode resolver muitos problemas e é uma opção”, disse um diplomata regional sênior. / REUTERS

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