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Clérigo detido no Reino Unido teme torturas caso seja deportado

Advogados de Abu Qatada apelaram contra a decisão do governo britânico de deportá-lo para a Jordânia, alegando temor de execução e tortura

Por Agencia Estado
Atualização:

Os advogados do clérigo radical islâmico Abu Qatada, considerado o "embaixador" da rede Al Qaeda na Europa, advertiram nesta sexta-feira que seu cliente pode ser torturado na Jordânia caso seja deportado para esse país, como pretende o governo britânico. Em audiência em Londres, os representantes legais de Qatada, cujo verdadeiro nome é Omar Mahmoud Mohammed Othman, apresentaram os argumentos finais do recurso de apelação contra a decisão do Governo britânico de deportar o clérigo a seu país de origem. O Governo do Reino Unido considera Qatada um risco para a segurança nacional, e para obter sua deportação assinou um memorando de entendimento com a Jordânia, que garante que o réu não será submetido a torturas no país árabe. No entanto, os advogados de Qatada, detido na prisão de segurança máxima de Full Sutton (norte da Inglaterra), disseram à Comissão Especial de Imigração em Londres que caso ele seja deportado, o clérigo pode ser torturado, executado ou entregue a outro país para que seja interrogado pelos Estados Unidos. O processo aberto com este recurso é o primeiro teste para os memorandos de entendimento assinados pelo Reino Unido com vários países, como Jordânia e Argélia, a fim de assegurar que os suspeitos que forem deportados não serão submetidos à torturas. Durante o julgamento, os representantes de Qatada, detido no Reino Unido desde agosto de 2005, argumentaram que os memorandos "não são vinculativos", e que por isso não é possível viabilizar suas aplicações. O clérigo, que costumava fazer discursos incendiários na mesquita londrina de Finsbury Park, foi condenado à revelia à prisão perpétua na Jordânia por suposto envolvimento em atentados terroristas perpetrados em 1998. Abu Qatada, de 44 anos e pai de quatro filhos, conseguiu em 1994 asilo político no Reino Unido, onde havia chegado um ano antes com um passaporte falso dos Emirados Árabes após escapar de seu país de origem. O clérigo foi classificado pelo juiz espanhol Baltasar Garzón como o "embaixador" do líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, na Europa, durante uma investigação sobre as conexões espanholas com os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. Qatada nega as acusações e insiste em afirmar que não conhece Osama bin Laden.

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