Clima de tensão adia viagem de deputados a Honduras

Mudança de data atende pedido de presidente do Congresso hondurenho, que teme protestos.

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Por Fabrícia Peixoto
Atualização:

Os seis deputados brasileiros que esperavam viajar para Honduras nesta terça-feira decidiram adiar o compromisso para quarta-feira. A mudança de planos atende a um pedido do presidente do Congresso hondurenho, José Alfredo Saavedra, que está preocupado com o acirramento do clima de tensão nos próximos dois dias. "Conversamos por telefone e ele (Saavedra) pediu que déssemos um tempo. Eles estão prevendo uma série de manifestações entre hoje e amanhã", disse o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE), que coordena a comissão. Jugmann disse que já está com o visto e que teve a garantia do Congresso hondurenho de que a entrada dos deputados será permitida. Há dúvida, no entanto, quanto à autorização de pouso da aeronave da Força Aérea Brasileira. Os deputados discutem a possibilidade de que o avião não tenha permissão para pousar, já que as relações diplomáticas entre Brasil e Honduras estão suspensas. O assunto será discutido em uma reunião em Brasília, nesta terça-feira. Segurança No domingo, um grupo de diplomatas da Organização dos Estados Americanos (OEA) foi impedido de entrar em Honduras. De acordo com Jungmann, a comissão parlamentar pretende discutir a situação dos brasileiros que vivem em Honduras e que, segundo ele, poderiam sofrer algum tipo de represália. "Vamos procurar algum tipo de compromisso que garanta a segurança dessas pessoas", disse. A estimativa da comissão é de que 10 mil brasileiros estejam vivendo em Honduras. Ainda segundo Jugmann, a situação do presidente deposto, Manuel Zelaya, não será discutida durante a reunião com parlamentares hondurenhos. "Essa viagem não é para julgar ou opinar, e sim para ajudar", disse. Ultimato A viagem dos deputados brasileiros acontece no momento em que o governo interino de Honduras aguarda, do Brasil, uma definição sobre o status de Zelaya, que permanece abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa. Caso o governo brasileiro não dê uma resposta em dez dias, a embaixada perderá o status diplomático, informou neste domingo o governo interino de Honduras, por meio de um comunicado. Em viagem à Venezuela, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não aceita ultimato de governo "golpista" e que o Brasil não negocia com quem "usurpou o poder". Nesta segunda-feira, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, descartou a hipótese de o Brasil enviar forças militares a Honduras para proteger a embaixada. Segundo Jobim, o Brasil não pode enviar suas tropas a um território estrangeiro - a não ser que uma guerra entre os dois países seja declarada, o que ele considera "inviável". "Evidentemente que os hondurenhos terão a lucidez de determinar a saída dos brasileiros de lá. Não há nenhuma possibilidade de se pensar em movimentos armados", disse o ministro. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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