Clinton pede nova chance para inspetores de armas

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Por Agencia Estado
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O ex-presidente americano Bill Clinton pediu nesta quarta-feira aos Estados Unidos e à Grã-Bretanha que dêem uma chance aos inspetores de armas da ONU no Iraque, mas acrescentou que eles devem ser apoiados por uma nova e dura resolução do Conselho de Segurança. Para Clinton, os inspetores fizeram grandes progressos em descobrir armas de destruição em massa de Saddam Hussein na década de 1990. O presidente dos EUA, George W. Bush, argumenta que as inspeções não produziram efeitos no passado. "Acredito que temos que continuar com essa ação até conseguirmos tirar todas as armas químicas e biológicas de lá", afirmou Clinton na convenção anual do governista Partido Trabalhista britânico, de centro-esquerda. "Se as inspeções forem em frente, talvez possamos evitar um conflito... Até que elas fracassem, não temos que cruzar pontes que preferiríamos não cruzar." "Saddam Hussein, como sempre, está com zombarias e tramóias" continuou. "Temos de acabar com seu blefe." O ex-presidente, um freqüente visitante da Grã-Bretanha, onde é calorosamente recebido, disse que apóia a dura posição de Bush e do primeiro-ministro Tony Blair e que deve haver uma nova resolução da ONU. Para ele, uma ação contra Saddam tem de ser encaminhada, se possível, pela ONU, apesar de ele lembrar que a Londres e Washington atuaram militarmente com sucesso sem o apoio da ONU em Kosovo. "Concordo com muitos... que querem ir através da ONU para trazer junto o peso da opinião mundial, para dar mais uma chance aos inspetores", afirmou ele num discurso de 50 minutos na convenção. "Naturalmente, temos de nos levantar contra armas de destruição em massa, mas, se pudermos, temos de fazer isto no contexto de construção de instituições internacionais de que, no fim, vamos ter de depender para garantir a paz e a segurança do mundo e os direitos humanos de todos os povos " Os delegados trabalhistas aplaudiram entusiasticamente o discurso de Clinton, que, de bom humor, disse que "é divertido estar num lugar onde nossa turma ainda está no governo". Clinton afirmou que Blair, seu inspirador político enquanto esteve no poder, está desempenhando um papel-chave em tentar ajudar os EUA e seus aliados a entender suas posições em relação ao Iraque. "Aprecio o que o primeiro-ministro está tentando fazer no sentido de trazer os EUA e o resto do mundo para uma posição comum", disse. "Se ele não estivesse aqui para fazê-lo, duvido que qualquer outro pudesse." Ele também se distanciou dos falcões da administração Bush, dizendo que uma "mudança de regime" em Bagdá deveria ser alcançada por meios não-militares e que instituições internacionais são a melhor garantia de um futuro pacífico. Segundo Clinton, "o mais premente desafio à segurança dos EUA é concluir o trabalho contra a Al-Qaeda e seus líderes... Apoiaria o comprometimento de mais forças neste sentido". Clinton foi ovacionado ao dizer que os EUA têm de estar na liderança do mundo, mas não podem sempre impor suas posições, e deveriam participar de acordos internacionais sobre o aquecimento global, o Tribunal Penal Internacional e o tratado de proibição de testes nucleares. Ele também foi bastante aplaudido ao afirmar que não concorda com Bush em "quase nada", criticando as políticas ambientais do presidente, cortes de impostos e ações no campo da saúde pública. Durante a parte final de seu discurso, Clinton foi surpreendido por um afiliado do Partido Trabalhista que tentou subir ao palco. Barrado por guarda-costas, Sami Kiriakos, um delegado de Londres de 52 anos, explicou mais tarde que pretendia apenas demonstrar seu apoio ao ex-presidente americano e "talvez convidá-lo para um almoço". "Não vejo motivo para tanto alvoroço com alguém que gostaria apenas de falar com ele (Clinton)?, disse Kiriakos. "Passei por todas as barreiras de segurança, então é óbvio que não represento uma ameaça." Um porta-voz do partido afirmou que Kiriakos teve seu crachá apreendido, mas que nenhuma acusação formal foi feita contra ele.

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