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Coalizão árabe abre investigação sobre bombardeio em hospital da MSF no Iêmen

Na segunda-feira, grupo liderado pela Arábia Saudita bombardeou uma instalação da organização Médicos Sem Fronteiras, deixando 14 mortos e 24 feridos

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Por Redação
Atualização:

RIAD - A coalizão militar árabe, que participa do conflito no Iêmen em apoio a seu presidente, anunciou a abertura de uma investigação depois que a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) informou sobre a morte de 14 pessoas em um bombardeio contra um hospital.

Em uma aparente escalada da violência na região, sete civis foram mortos na terça-feira na Arábia Saudita na cidade de Najran por um foguete disparado a partir do Iêmen pelos rebeldes houthis, segundo anunciou a Defesa Civil saudita, citada pela agência de notícias oficial SPA. Trata-se do maior número de civis mortos no país desde que este assumiu a liderança da coalizão militar árabe.

Hospital da organização Médicos Sem Fronteiras foi bombardeado no Iêmen, deixando 14 pessoas mortas Foto: AP Photo

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A MSF informou na véspera que a coalizão liderada pela Arábia Saudita bombardeou um hospital em uma província sob controle rebelde no norte do Iêmen, deixando ao menos 14 mortos e 24 feridos, 48 horas após ataques aéreos que mataram 10 crianças iemenitas.

A ONG, que possui uma equipe nesse centro de atendimento, confirmou no Twitter "que o hospital Abs (na Província de Hajja) foi atingido por bombardeios aéreos hoje (segunda-feira) às 15h45 locais (9h45 em Brasília)".

Os Estados Unidos, aliados da Arábia Saudita, e a Anistia Internacional condenaram o ataque. Os bombardeios aconteceram menos de 48 horas depois que a MSF acusou a coalizão de matar 10 crianças ao bombardear uma escola em Saada, outra província rebelde do norte iemenita.

A coalizão negou ter atacado a escola e disse que se tratava de um campo de treinamento de rebeldes, onde havia soldados menores de idade. Ainda assim, afirmou que investigará o incidente.

A coalizão árabe iniciou sua campanha contra os rebeldes houthis apoiados pelo Irã e seus aliados em 26 de março de 2015. Os ataques se intensificaram a partir agosto, após o fracasso das negociações de paz, supervisionadas pelas Nações Unidas, que foram celebradas durante três meses no Kuwait.

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Veja abaixo: Atentados no Iêmen mantam 41 militares

A MSF denunciou ainda que se trata do quarto ataque em menos de um ano contra um centro de sua organização no Iêmen. "Mais uma vez, um hospital totalmente operacional e cheio de pacientes e pessoal nacional e internacional da MSF foi bombardeado em uma guerra que não mostra qualquer respeito pelas estruturas médicas e pelos doentes", declarou Teresa Sancristoval, diretora da ONG para as operações de emergência no Iêmen.

A organização enfatizou ainda ter informado em várias ocasiões a localização do hospital às partes em conflito, inclusive à coalizão liderada pela Arábia Saudita. Os Estados Unidos expressaram sua preocupação quanto a estas informações.

"Estamos profundamente preocupados com as informações sobre um ataque contra um hospital no norte do Iêmen. Os ataques contra instalações humanitárias, principalmente hospitais, são particularmente preocupantes", declarou a porta-voz do departamento de Estado, Elizabeth Trudeau.

A cidade de Abs está localizada nos limites da cidade de Harad, perto da fronteira com a Arábia Saudita. É a partir de Abs que os rebeldes iemenitas lançam com certa frequência ataques contra regiões sauditas perto da fronteira, causando vítimas.

Frequentemente bombardeada pela coalizão, Harad é também o palco de violentos combates entre as forças governamentais apoiadas pelas tropas da coalizão e os rebeldes xiitas houthis. A guerra no país já deixou mais de 6,4 mil mortos e 30 mil feridos, incluindo muitos civis. / AFP

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