PUBLICIDADE

Coalizão governista da Iugoslávia enfrenta divisões

Por Agencia Estado
Atualização:

Seis meses depois de depor Slobodan Milosevic, a governista coalizão pró-democracia na Iugoslávia enfrenta divisões sobre a cooperação com o tribunal de crimes de guerra da ONU e outras questões-chave, afirmou hoje uma alta autoridade. Dragan Marsicanin, presidente do parlamento da principal república da Iugoslávia, Sérvia, disse, segundo o jornal Vecernje Novosti, que o futuro da coalizão - uma união de 18 partidos políticos - está sendo "seriamente colocado em dúvida". Marsicanin afirmou que o Partido Democrático da Sérvia, do presidente iugoslavo Vojislav Kostunica, tem posições diferentes em diversas questões do outro principal partido da coalizão - o Partido Democrático, do primeiro-ministro sérvio Zoran Djindjic. "Isto é algo que precisa ser resolvido com urgência", afirmou Marsicanin. "A própria sobrevivência da coalizão está em jogo". Numa entrevista hoje à tevê BK, Kostunica admitiu que existem diferenças entre os parceiros de coalizão, mas buscou retratá-las como parte de um processo político normal. "O tempo responderá esta questão cedo ou tarde", disse Kostunica quando questionado sobre o futuro da coalizão. "Não existe dúvida de que eventualmente ela deixará de existir". A coalizão, conhecida como Oposição Democrática da Sérvia, foi formada no ano passado para desafiar Milosevic nas eleições iugoslavas de 24 de setembro. Com Kostunica como seu candidato presidencial, a ODS derrotou Milosevic e o depôs em outubro num levante popular que explodiu quando ele recusou-se a aceitar a derrota. Desde outubro, entretanto, Kostunica e Djindjic têm discordado publicamente numa série de questões, inclusive a cooperação com o tribunal de crimes de guerra da ONU, baseado em Haia, Holanda. Kostunica criticou no mês passado a decisão do governo sérvio de extraditar um suspeito de crimes de guerra sérvio bósnio para Haia, dizendo que não existia base legal para a medida. Kostunica é um duro crítico do tribunal de Haia, e é contra a entrega de iugoslavos suspeitos de crimes de guerra, incluindo Milosevic, que foi preso na semana passada por acusações de corrupção e abuso de poder. Djindjic, entretanto, estaria pressionando pela total cooperação com Haia, para que a Iugoslávia possa receber mais apoio político e financeiro.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.