Coalizão intensifica ofensiva na Líbia e Kadafi promete uma ''guerra longa''

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Por Lourival Sant'Anna
Atualização:

Tanque é atacado em Benghazi. Goran Tomasevic/Reuters

BENGHAZI - Forças americanas e europeias intensificaram sua ofensiva ontem por mar e ar contra as tropas leais ao ditador líbio, Muamar Kadafi. Novos disparos de artilharia antiaérea e explosões foram ouvidos em Trípoli na noite de ontem depois que o líder líbio, Muamar Kadafi, em tom desafiador, prometeu enfrentar o Ocidente em uma "longa guerra".

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Ele disse que havia começado a distribuir armas a mais de 1 milhão de pessoas, "homens, mulheres e crianças", para defender o país da intervenção militar iniciada no sábado que ele chamou de "cruzada colonialista". "Não vamos abandonar nossa terra e vamos liberá-la."

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Vinte e quatro horas após o início da ofensiva, a Líbia anunciou novo cessar-fogo. No entanto, o Pentágono disse que mais uma vez ele não estava sendo cumprido. Após intenso bombardeio, as forças leais a Kadafi consolidaram ontem sua ocupação de Misrata, a terceira maior cidade do país, e a única da região oeste do país que ainda estava até a semana passada sob controle rebelde.

As agências de notícias informaram que o quartel-general de Kadafi foi parcialmente destruído ontem por um bombardeio aéreo. Uma grande coluna de fumaça ergueu-se perto do complexo militar e residencial em Trípoli. Segundo a TV CNN, não se tinha notícias do paradeiro de Kadafi.

Em entrevista nos EUA, o porta-voz do Pentágono, almirante Bill Gortney, disse que os ataques dos últimos dois dias foram bastante efetivos e podiam ser considerados um sucesso, mas negou que a residência de Kadafi seja um alvo da coalizão. Aviões americanos estiveram mais envolvidos na ofensiva de ontem, com aviões Stealth e caças F-16 e F-15 bombardeando sistemas de defesa antiaérea e bases.

Pelo menos 14 homens das forças leais a Kadafi foram mortos no bombardeio por aviões franceses contra o comboio em que estavam, a oeste de Benghazi, o principal reduto rebelde. Dos 14, ao menos 7 eram negros africanos, constatou o Estado no necrotério do Hospital Al-Jala. O bombardeio, na noite de sábado, também destruiu ao menos 14 tanques, 20 caminhões de transporte de tropas e 2 com baterias de foguetes montadas sobre a carroceria, além de dezenas de outros veículos.

Os corpos comprovam o uso de mercenários subsaarianos por Kadafi. Dois corpos estavam inteiramente carbonizados e impossíveis de reconhecer. A TV estatal líbia anunciou que os bombardeios aliados mataram 48 pessoas e feriram 150. Os hospitais de Benghazi haviam recebido ontem mais de 100 mortos - alguns apenas pedaços de corpos, atingidos pelos mísseis.

Os aviões franceses voltaram a sobrevoar ontem Benghazi, mas aparentemente se limitaram a voos de conhecimento. Forças rebeldes voltaram a se reagrupar no leste depois que os aviões da coalizão contiveram o avanço das tropas de Kadafi. As operações da aliança contam com aviões da Grã-Bretanha, EUA, Itália, Dinamarca e Canadá, além de navios e submarinos americanos e britânicos. O Catar anunciou que vai contribuir com quatro aviões, tornando-se o primeiro país árabe a colocar em prática o compromisso de envolver-se na intervenção na Líbia.

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Vários confrontos ocorreram ontem em Benghazi. Os combatentes rebeldes perseguiam integrantes das "legiões revolucionárias" homens recrutados pelas forças de Kadafi, que atuam como milicianos e espiões nos bairros. Eles são conhecidos por seus vizinhos e moradores da cidade. Listas de nomes afixadas na Corte de Justiça, o quartel-general da oposição em Benghazi, indicam que 7.200 teriam sido identificados. Eles voltaram a agir no sábado, com o avanço das forças de Kadafi sobre Benghazi, disparando fuzis e granadas a esmo na cidade. / COM REUTERS e AP

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