CARACAS - A coalizão de oposição da Venezuela se recusou a reconhecer os resultados da eleição para governadores realizada no domingo 15, na qual os candidatos do presidente Nicolás Maduro conseguiram uma maioria surpreendente, aumentando ainda mais a instabilidade política no país.
+ Odebrecht financiou campanhas na Venezuela por uma década, diz delator
Pouco após a divulgação dos resultados, o chefe de campanha da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), Gerardo Blyde, participou de uma entrevista coletiva e afirmou que o grupo pedirá uma auditoria de todo o processo eleitoral. Além disso, ele também pediu que seus candidatos liderem “atividades de rua” nesta segunda-feira, 16, em protesto aos resultados.
+ Antichavistas denunciam manobras ilegais
Blyde explicou que a oposição não reconhecia os resultados "não somente em razão de todas as violações de lei que vieram sendo cometidas durante o processo", como a substituição de candidatos e a realocação de centros eleitorais, mas também em razão da violação do direito "de escolher e ser escolhido".
O opositor acusou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de ter um "sistema trapaceiro, que não é transparente e representa algumas condições abusivas de quem controla o poder". Ele também disse que os resultados divulgados pelas autoridades eleitorais "não refletem a realidade". Por isso, exigiu que se audite todo o processo, desde o sistema até as impressões digitais, para que possa haver um reconhecimento ou não dos resultados anunciados.
Comemorações
Maduro comemorou no domingo a vitória do chavismo nas eleições regionais, nas quais venceu em 17 Estados. Após ressaltar que "o chavismo está vivo", ele estendeu a mão aos opositores.
"Ganhamos 75% dos governos do país (...). O chavismo está vivo, está triunfante e está nas ruas", afirmou o chavista, em pronunciamento minutos depois que o Poder Eleitoral anunciou os resultados oficiais da votação.
"A oposição teve cinco vitórias, as reconhecemos como fizemos sempre, e há um governo em disputa", disse ao se referir ao Estado de Bolívar (sudeste). "Hoje ganhou a verdade da Venezuela, hoje o chavismo arrasou, hoje temos 17 governos, hoje temos 54% dos votos, hoje temos 61% de participação, e hoje a pátria se fortaleceu com 75% dos governos.”
"Esta vitória é uma proeza moral e política do povo venezuelano, que conseguiu resistir aos embates da guerra da oligarquia e disse 'não às sanções', 'não ao intervencionismo'", destacou o líder venezuelano. / REUTERS, EFE e AFP