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Cobertura da imprensa desagrada a israelenses

Por Gustavo Chacra , Nahariyah e Israel
Atualização:

Os israelenses se sentem injustiçados com a imprensa internacional. Consideram que a cobertura tem tido um viés pró-Hamas, sem se importar com a situação das cidades fronteiriças de Israel. Nas rádios e TVs israelenses, os disparos de foguetes palestinos contra cidades, como Sderot e Ashkelon, ganham muito mais destaque do que as mortes em Gaza. Em jornais locais, como o Jerusalém Post, com a exceção do ataque à escola da ONU, as baixas palestinas são colocadas em páginas internas. A preocupação é maior com o que ocorre no lado israelense - seja nas cidades do sul, seja com as tropas em Gaza. O jornal Yediot Ahronot chegou a chamar a imprensa internacional de "mentirosa" em reportagem de capa. Já as autoridades israelenses, ao acompanhar as notícias de órgãos internacionais em TVs a cabo e na internet, ficam revoltadas com o pouco espaço que concedem para Israel. O cenário poderia ser ainda pior se jornalistas estrangeiros tivessem permissão para entrar no território palestino. PRESSÃO Mark Regev, porta-voz do gabinete do premiê israelense, Ehud Olmert, aparece quase todos os dias nos principais canais de TV internacionais, como a CNN e a BBC, sempre dizendo que os governos americano, britânico e francês não agiriam de forma diferente da de Israel se fossem atacados por terroristas todos os dias. Até o exemplo da operação do Exército do Líbano contra o grupo Fatah al-Islam, em um campo de refugiados palestinos em Trípoli, em 2007, quando dezenas de palestinos e militantes de outras nacionalidades morreram, é citado por autoridades de Israel. Para os israelenses, é complicado entender esse viés da mídia. O Ministério das Relações Exteriores fornece toda a assistência necessária para repórteres estrangeiros. Respondem às perguntas e dão apoio em Sderot. O problema é que, como escreveu o correspondente da revista The Economist no diário israelense Haaretz, Gideon Lichfield, fica difícil vencer a guerra de propaganda quando os números mostram "600 palestinos mortos de um lado e 9 israelenses do outro". Em Israel, os jornalistas também assistem às imagens da rede de TV Al-Jazira, que mostram os corpos despedaçados de vítimas palestinas. Já as cenas de destruição israelense não chocam tanto. Ainda é possível observar um certo clima de normalidade nas áreas de Israel envolvidas no conflito. Os moradores continuam em suas casas, e, apesar de muitas vezes terem de ir para abrigos antibomba, o comércio abre e carros circulam pelas ruas. O cenário não pode ser comparado ao de julho de 2006, quando milhares de israelenses do norte do país tiveram de se refugiar em outras cidades, nem à paranoia vivida durante a segunda intifada. Em Jerusalém, ainda é necessário abrir as mochilas e bolsas para entrar em shoppings, mas o olhar de suspeita não existe mais.

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