Coca-Cola e McDonald´s temem ataques

´Embaixadoras´ da cultura americana, as multinacionais do fast-food temem virar o alvo das represálias de terroristas e adversários da guerra ao Iraque.

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Por Agencia Estado
Atualização:

Coca-Cola, McDonald´s e outras marcas que se tornaram "embaixadoras" globais dos Estados Unidos estão reforçando sua segurança e tirando funcionários das vizinhanças do Iraque. Escaldadas depois de sofrer repetidos ataques motivados pelo antiamericanismo - seja no Oriente Médio, na Índia e Paquistão ou até na Europa -, as multinacionais americanas mais conhecidas temem sofrer represálias de todo tipo, inclusive atentados da rede terrorista Al Qaeda, pelo provável ataque americano ao Iraque. "Se uma pessoa, em qualquer lugar do mundo, odeia os EUA, é provável que odeie a Coca-Cola ou o McDonald´s", avalia Lawrence McNaughton, diretor da consultoria americana Core Brand. O diagnóstico que ele tem apresentado a seus clientes, quando consultado sobre possíveis repercussões negativas da guerra para empresas dos EUA, aponta dois tipos de alvos potenciais: as empresas que tenham negócios no Oriente Médio e as que sejam identificadas como "ícones culturais" americanos. Com suas 30 mil filiais espalhadas pelos cinco continentes, o McDonald´s preenche com sobras os dois "requisitos". Está presente no Egito, Omã, Emirados Árabes e Arábia Saudita e Paquistão, países onde nas últimas semanas se sucedem protestos contra a guerra ao Iraque. Sem falar em Israel, principal aliado dos EUA no Oriente Médio e alvo potencial de uma represália de Saddam Hussein. Desde novembro, duas lojas do McDonald´s na Arábia Saudita foram atacadas com bombas incendiárias - sofreram apenas modestos prejuízos. No Líbano, bombas caseiras foram atiradas contra cinco filiais de lanchonetes com matrizes americanas, entre elas duas da Pizza Hut e uma da KFC. Os especialistas em segurança coincidem em apontar as redes de fast-food como alvo tentador para os terroristas: atendem diariamente um público numeroso e variado, empregam em larga escala e são operadas por empresários locais, em sistema de franquia. As matrizes, na medida do que podem, estão reforçando a segurança em suas instalações no exterior e selecionando com mais rigor os candidatos a emprego. Os franqueados, por sua vez, tratam de se distanciar das marcas que representam: no Kuwait, que abriga o maior contingente de tropas americanas e britânicas deslocadas para a região do Golfo Pérsico, a Americana, detentora dos direitos de franquia de Pizza Hut, KFC e outras marcas, gastou milhões de dólares em uma campanha publicitária na qual se apresenta como empresa "100% árabe". Para Saddam, Bush é ´o déspota do século´ As manifestações de antiamericanismo e oposição à guerra se multiplicam nas últimas semanas em vários países do Golfo Pérsico, inclusive naqueles onde manifestações públicas são menos usuais, como Iêmen, Omã e Bahrein - os dois últimos governados por aliados dos EUA e com presença militar americana em seu território. A tensão política doméstica acompanha os preparativos de guerra. O efetivo conjunto dos EUA e Grã-Bretanha a postos para atacar o Iraque já chega a 230 mil combatentes. Mas dificilmente a ordem de ataque chegará antes de abril: só na semana que vem o Conselho de Segurança deve votar um projeto de resolução autorizando a guerra. França e Rússia ameaçam vetar. À espera do inimigo, o ditador Saddam Hussein classificou ontem o presidente dos EUA, George Bush, de "déspota do novo século". Em mensagem lida pela tevê iraquiana, Saddam prometeu "vitória sobre os tiranos".

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