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‘Coletes amarelos’ voltam às ruas na França pela 13ª vez

Apesar de o movimento ter enfraquecido depois de três meses, centenas de pessoas se dirigiram à Avenida Champs-Élysées nesta manhã; até o momento, uma pessoa ficou ferida e 17 manifestantes foram presos

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Por Redação
Atualização:

PARIS - Os "coletes amarelos" retomaram os protestos em toda França neste sábado, 9. Esta é a 13.ª manifestação desde o início do movimento, agora enfraquecido depois de três meses nas ruas. Um manifestante perdeu quatro dedos da mão em um incidente durante a marcha desta manhã.

Um manifestante perdeu a mão em um incidente durante a marcha desta manhã Foto: Gonzalo Fuentes / Reuters

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Ele foi retirado pelos bombeiros com o antebraço protegido. Em imagens divulgadas pela emissora russa RT, médicos que acompanhavam os manifestantes falaram de uma mão arrancada, mas a polícia esclareceu que ele perdeu os dedos.

Segundo Cyprien Royer, de 21 anos, uma testemunha que filmou o fim do acidente, o homem foi ferido por uma granada de dispersão, usada pela polícia quando a multidão se aproximava da entrada da Assembleia Nacional. Royer disse que a vítima é um fotógrafo dos "coletes amarelos" que estava tirando fotos das pessoas que empurravam as grades de proteção da entrada do Parlamento.

"Quando os policiais quiseram dispersar a multidão, jogaram uma granada de dispersão que caiu na panturrilha dele. Ele quis dar um golpe com a mão para que não explodisse na perna, mas, quando tocou nela, explodiu", contou a testemunha. "Nós o colocamos de lado e chamamos os 'street-medics'. Foi feio. Ele gritava de dor. Não tinha mais nenhum dedo."

O porta-voz do Corpo de Bombeiros local, Gildas Lecoeur, disse que o ferido estava com mão ensanguentada e foi levado ao hospital. A polícia afirmou que pelo menos 17 manifestantes foram presos.

Nos últimos dois sábados, a presença de manifestantes foi menor. Segundo o Ministério do Interior francês, 58,6 mil pessoas se mobilizaram no dia 2 de fevereiro. O movimento rejeita esse número e fala em 116 mil.

Em Paris, centenas de pessoas se dirigiram à Avenida Champs Élysées nesta manhã, de onde seguiriam até à Torre Eiffel, indicou um jornalista que estava no local.

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"Não podemos nos render. Temos que ganhar para ter mais justiça social e fiscal neste país", disse Serge Mairesse, um aposentado de Aubervilliers, região próxima a Paris, que carregava um cartaz reivindicando o restabelecimento do imposto sobre fortunas. Essa taxa foi substancialmente reduzida pelo presidente francês, Emmanuel Macron.

Os manifestantes gritavam palavras de ordem contra a polícia Foto: Zakaria Abdelkafi / AFP

"Este movimento expressa a autêntica raiva social neste país, as pessoas que nunca são ouvidas", afirmou o homem de 63 anos, que participa de sua 11.ª manifestação desde o começo da onda de protestos, em novembro de 2018. Segundo uma pesquisa publicada na quinta-feira, dois em cada três franceses (64%) apoiam o movimento.

Os manifestantes gritavam palavras de ordem contra a polícia e os ativistas acusavam os agentes de terem usado balas de borracha contra a multidão, deixando vários feridos. Dois veículos blindados da Guarda Militar estacionaram em frente ao Arco de Triunfo, que foi atacado pelos manifestantes no dia 1.º de dezembro.

Ativistas acusavam os agentes de terem usado balas de borracha contra a multidão, deixando vários feridos Foto: Zakaria Abdelkafi / AFP

No restante da França, há manifestações previstas em Bordeaux e Toulouse, palco de confrontos nas últimas semanas. Também há mobilizações previstas para acontecer em Lille, Nantes, Rennes e Brest até o fim deste sábado.

O movimento está provocando um importante conflito diplomático entre França e Itália, depois que Luigi Di Magio, líder do Movimento 5 Estrelas e número 2 do governo italiano, reuniu-se na terça-feira com Christophe Chalençon, um dos líderes dos "coletes amarelos".

‘Coletes amarelos’

As ações dos "coletes amarelos" reúnem franceses das classes média e baixa que criticam, desde o dia 17 de novembro, a política fiscal e social do governo, considerada injusta, e também reivindicam maior poder aquisitivo. Essa forma sem precedentes de mobilização dos cidadãos reflete-se, em especial, na ocupação de rotatórias em toda a França e em sessões de ação aos sábados. / AFP e AP

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