Colômbia deverá adotar "estado de comoção interior"

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Por Agencia Estado
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O processo de paz entre a guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo, rompido no dia 20, dá lugar à retórica de guerra total entre as duas partes. O presidente colombiano fará ainda nesta quarta-feira para fazer um pronuciamento à noite no qual declararia um "estado de comoção interior" - uma medida de exceção similar a um estado de sítio - para poder adotar ações de força na ex-zona desmilitarizada de 42 mil quilômetros quadrados que era ocupada pelas Farc no sul do país. Antes do pronunciamento oficial, as autoridades colombianas não descartavam a possibilidade de o governo oferecer uma recompensa pela captura dos principais líderes guerrilheiros. O estado de exceção, que pode ser declarado em todo o território nacional ou em áreas determinadas, permite às autoridades estabelecer toques de recolher, efetuar prisões, revistas e interrogatórios sem mandado judicial e restringir o direito à reunião, entre outras medidas de força. Prazo Os rebeldes deram hoje o prazo de um ano para que o governo concorde em trocar a candidata à presidência da Colômbia Ingrid Betancourt, o senador liberal Jorge Eduardo Gechen Turbay e dezenas de outros reféns que mantêm seqüestrados por prisioneiros das Farc que estão sob a custódia das autoridades do país. Ingrid foi seqüestrada pela guerrilha no sábado, quando se dirigia a San Vicente del Caguán, a maior cidade da zona anteriormente desmilitarizada. Gechen Turbay, presidente da Comissão de Paz do Senado, foi capturado depois de um comando de guerrilha urbana das Farc ter desviado um avião de passageiros, forçando o piloto a aterrissar numa estrada de uma área rural do sul colombiano. Gota d´água O seqüestro do avião foi considerado por Pastrana a gota d´água que pôs fim ao diálogo de paz que se arrastava havia três anos e ordenar ao Exército que reocupasse a região que havia concedido às Farc para servir de sede para as negociações. "Há um ano de prazo e ele já começou a correr", declarou à rede norte-americana CNN um dos líderes rebeldes e ex-negociador de paz, Fabián Rodríguez. "Ao fim desse tempo, se o governo não levar a sério esse assunto, as Farc tomarão as decisões que mais lhe convenham." Combates Combates diretos entre guerrilheiros e o Exército da Colômbia têm sido raros na área cassada das Farc, da qual os rebeldes se retiraram antes da campanha de bombardeios das forças governamentais. Mas as ações guerrilheiras se espalham por vários pontos do território colombiano, com as Farc intensificando uma série de atentados contra torres de energia e comunicações, aquedutos, pontes e outros equipamentos de infra-estrutura do país. Segundo fontes militares, pelo menos 16 rebeldes foram mortos e mais de 100 foram presos em incidentes armados após os últimos ataques das Farc. Um líder do grupo rebelde, conhecido apenas como Silverio, e outros dois guerrilheiros foram mortos após um ataque da guerrilha na terça-feira a um quartel em Fomeque, a apenas 25 quilômetros da capital, Bogotá. De acordo com as mesmas fontes, não houve baixas entre as forças governamentais. Medellín Em Medellín, segunda maior cidade colombiana, o diretor da polícia local, general Leonardo Gallego, disse que na terça-feira morreram em combates cinco membros do comando Armado do Povo, que reúne combatentes das Farc e do Exército de Libertação Nacional (ELN). A Agência de Notícias do Exército informou que os militares também enfrentaram hoje um grupo das Farc em Camaribo a 400 quilômetros a leste da capital em que morreram três rebeldes. O Exército também atacou vários pontos do departamento (estado) de César, onde morreram três rebeldes, outros 20 foram presos e desmantelados cinco acampamentos das Farc. Torre Outro membro do maior grupo guerrilheiro da Colômbia morreu em Socotá, a 230 quilômetros de Bogotá, quando foi surpreendido colocando cargas explosiva para derrubar uma torre de energia do município. Nos últimos quatro dias, pelo menos 100 pessoas deslocadas pela guerra e cinco civis feridos foram atendidos pela Cruz Vermelha, informou George Comninos, diretor da Colômbia do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

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