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Colômbia integrará conselho regional de defesa

Uribe aceita aderir ao órgão de segurança sul-americano proposto por Lula com algumas condições

Por Lisandra Paraguassu
Atualização:

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, anunciou ontem que seu país integrará o Conselho de Defesa Sul-Americano, proposto pelo Brasil, durante uma entrevista coletiva ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na localidade de Cajicá, imediações de Bogotá. Uribe destacou que aderiu à iniciativa com algumas condições que foram aceitas por Lula e a presidente chilena, Michelle Bachelet, atual líder da União de Nações Sul-Americanas (Unasur). Ele disse que na declaração de princípios do Conselho de Segurança da Unasur "deve haver uma rejeição total aos grupos violentos, qualquer que seja sua origem" e o reconhecimento apenas das forças legais dos países. A Colômbia havia rejeitado, durante uma reunião dos 12 países sul-americanos em Brasília, em 23 de maio, participar da criação do Conselho de Segurança, após alegar que enfrentava ameaças "de terrorismo e as derivações conhecidas". Os dois países também fecharam vários acordos de cooperação na área de defesa e de armas. A Colômbia participará como sócio em um projeto do Brasil para a fabricação de um avião de transporte pesado. Lula, Uribe e o presidente do Peru, Alan García, também assinarão hoje em Letícia, cidade fronteiriça com o Brasil, um acordo para o fortalecimento da segurança na área da fronteira amazônica. No primeiro dia de visita à Colômbia, Lula teve ontem pela manhã uma agenda econômica. Ele defendeu equilíbrio entre o comércio bilateral com o Brasil, pediu maior integração entre o Mercosul e a Comunidade Andina de Nações e criticou os países ricos pelas recentes crises econômicas. "(Esses países) não têm direito de jogar nas costas dos mais pobres o pagamento de contas que não fizemos", disse Lula. O presidente chamou a atenção para os riscos que os países mais pobres correm com o aumento do preço dos alimentos e do petróleo. "Em um momento como este, a palavra mágica é paciência. Não se pode ficar nervoso e tomar medidas precipitadas." Acompanhado do Uribe, Lula se encontrou com um grupo de empresários colombianos em um dos primeiros compromissos da viagem. Atualmente, o comércio entre os dois países é mais favorável ao Brasil, que vende US$ 1,5 bilhão a mais para a Colômbia. "O comércio internacional tem de ser uma via de duas mãos", declarou Lula. Na defesa de uma maior integração entre os países, Lula afirmou que cada um tem o direito de fazer acordos comercias fora da América Latina, mas enfatizou a importância da integração do Mercosul com a Comunidade Andina de Nações (Bolívia, Equador, Colômbia e Peru) e da criação de oportunidades para o crescimento de toda a América do Sul. "Não é justo que não façamos um esforço entre nós", disse o presidente. Lula participa hoje das comemorações da data nacional da Colômbia em Letícia. A cerimônia será um ato pela libertação dos mais de 700 reféns ainda em poder do grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Dez pessoas foram seqüestradas na sexta-feira por rebeldes das Farc, que emboscaram um barco na Província de Choco, noroeste da Colômbia. Em Lima e em Madri, milhares de pessoas participaram ontem de manifestações pela libertação dos reféns das Farc. Várias marchas serão realizadas hoje em todo o mundo.

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