28 de julho de 2010 | 20h54
Reiterando as acusações contra a Venezuela, o presidente da Colômbia Álvaro Uribe propôs nesta quarta-feira que os guerrilheiros que, segundo seu governo, estão em terreno venezuelano, abandonem a luta armada e se entreguem à Justiça colombiana.
Uribe disse ter pedido ao chanceler colombiano Jaime Bermudez levar a proposta de desmobilização dos rebeldes à reunião de chanceleres da Unasul, convocada para quinta-feira, em Quito, para encontrar uma saída à crise binacional. Em paralelo, a Venezuela deve apresentar um "plano de paz" para a Colômbia, que vem sendo articulado nesta semana pelo chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, com os demais países do bloco sul-americano.
"Se lá na Venezuela têm um plano de paz, aqui (também) há", afimou Uribe, em encontro com empresários em Medellín.
"Se querem ajudar a que seja superado o problema guerrilheiro, que então digam à guerrilha que está lá que se desmobilize (se renda), que todos os fiscais da Colômbia irão buscá-los e (serão) submetidos a todas as garantias da Lei de Justiça e Paz", afirmou Uribe.
A lei de Justiça e Paz, que enquadra paramilitares e guerrilheiros, prevê a redução da pena em troca da confissão dos crimes cometidos durante a guerra.
'Armadilha'
Uribe voltou a afirmar que o plano de internacionalização do processo de paz pretende dar "oxigênio" às guerrilhas
"É preciso ter cuidado com a armadilha que pode armar essa cobra (guerrilhas) neste momento, tem que ter cuidado (...) porque esta paz nasce de manter uma autoridade firme que sustente os valores democráticos", afirmou Uribe.
A proposta, ainda desconhecida em seu conteúdo, de acordo de paz entre o governo da Colômbia e as guerrilhas colombianas, sob observação dos países da região, foi rejeitado pelo governo Uribe, que considerou a proposta como "intromissão" nos assuntos internos do país.
"O verdadeiro plano de paz passa pela não intervenção nos assuntos internos de nenhum país", afirmou o chanceler colombiano.
"O verdadeiro plano de paz passa para que não exista em nenhum lugar do mundo, nem físico, nem políticom onde as Farc e nenhum grupo criminoso possam estar", acrescentou Bermúdez.
A crise binacional já afeta a economia das cidades fronteiriças colombianas. Para amenizar a queda na atividade comercial o governo da Colômbia decretou "emergência social" durante trinta dias nos 37 municípios próximos a fronteira com a Venezuela.
A medida inclui a isenção de impostos para os setores de alimentação, calçados, têxtil e de construção.
O presidente da Venezuela Hugo Chávez rompeu relações diplomáticas com a Colômbia, na semana passada, ao rejeitar as acusações de Bogotá levadas à Organização de Estados Americanos (OEA), de que a Venezuela abriga a 87 acampamentos rebeldes e a 1,5 mil guerrilheiros colombianos.BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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