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Colômbia não pretende insistir com Brasil sobre Farc

Por Agencia Estado
Atualização:

O embaixador da Colômbia no Brasil, Jorge Enrique Garavito Durán, disse que seu governo não pretende insistir com o Brasil para que considere formalmente as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como uma organização terrorista. Segundo o embaixador, o governo colombiano considera, por ora, satisfatório o apoio explícito dado pelo Brasil às resoluções da ONU e da Organização dos Estados Americanos (OEA), aprovadas no mês passado, que condenaram com veemência atos terroristas praticados pelas Farc. A atuação das organizações guerrilheiras colombianas, ao lado do narcotráfico, será um dos temas principais do encontro que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Álvaro Uribe, da Colômbia, terão amanhã em Brasília. De acordo com o embaixador Durán, os dois presidentes deverão intensificar a cooperação policial entre os dois países no combate ao tráfico de drogas e à lavagem de dinheiro e, também, discutir formas de aumentar os controles nas áreas de fronteira entre os dois países. O convite para a visita de Uribe partiu do governo brasileiro. Ele virá acompanhado de seis ministros (Relações Exteriores, Defesa, Agricultura, Minas e Energia, Comércio Exterior e Meio Ambiente), e do diretor da Polícia Nacional colombiana, general Teodoro Campo Cruz. Lula e Uribe terão um encontro reservado às 11 horas, no Itamaraty, seguido de uma reunião ampliada, com a presença dos ministros dos dois países. No final da reunião, será divulgada uma declaração conjunta e, em seguida, haverá um almoço oferecido pelo Brasil à delegação colombiana. Outra área importante de cooperação entre os dois países deverá ser o fornecimento, pelo Brasil, de informações produzidas pelo Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). O governo colombiano tem interesse de usar esses dados contra a guerrilha e o narcotráfico que agem na região amazônica. Deve ser discutida ainda uma atuação conjunta no mercado mundial de café, produto do qual Brasil e Colômbia são grandes exportadores. Acordos de cooperação nas áreas de pesquisa agrícola, energia e meio ambiente completam a agenda da visita. Os temas políticos serão os mais delicados nas conversas entre Lula e Uribe. Apesar do tom moderado adotado na véspera da visita, o governo colombiano tem todo o interesse em conseguir que o Brasil e outros países considerem as Farc como terroristas. Além de significar um golpe político no principal grupo guerrilheiro em operação na Colômbia, uma declaração desse tipo obrigaria o governo brasileiro a bloquear eventuais bens da organização e autorizar a captura de seus membros no território nacional, nos termos das convenções internacionais sobre o assunto. O governo brasileiro, porém, resiste à idéia. Para o chanceler Celso Amorim, não há base para uma medida desse tipo. Para o assessor do presidente Lula para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, ela seria contraproducente caso o Brasil fosse chamado a atuar como mediador entre o governo colombiano e os grupos guerrilheiros. Para o embaixador Durán, essa possibilidade, no momento, está fora de questão. "Se a Colômbia julgar que precisa de uma mediação, ela pedirá. Mas no momento, isso não é necessário", disse. Segundo o embaixador, o presidente Álvaro Uribe já condicionou a eventual retomada do diálogo entre governo e organizações guerrilheiras, interrompido no governo passado, ao fim dos atentados cometidos por aquelas organizações. "As Farc, que mantém mais de 3 mil pessoas seqüestradas, têm dados mostras de que não querem dialogar", afirmou. Marco Aurélio Garcia, por sua vez, disse que a possibilidade de haver mediação brasileira dependeria de uma iniciativa colombiana. " Nós só ofereceremos ajuda se eles pedirem, a exemplo do que ocorreu no caso da Venezuela." Garcia confirmou que o governo brasileiro tem grande preocupação com o movimento de narcotraficantes na fronteira colombiana. "Temos que tornar a fronteira o menos permeável possível", disse ele.

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