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Colômbia pede prisão de 3 empresários da Odebrecht

Brasileiros são acusados de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito; em nota, empresa, que agora se chama Novonor, afirmou que a notícia 'causou surpresa'

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Por Redação
Atualização:

BOGOTÁ - A Procuradoria-Geral da Colômbia anunciou nesta terça-feira, 30, as primeiras acusações contra três empresários brasileiros pelo escândalo de corrupção da Odebrecht, que agora se chama Novonor, e pediu uma ordem de captura internacional para Hamilton Ideaki, Eder Paolo Ferracuti e Márcio Marangoni. A força-tarefa chefiada por Francisco Barbosa Delgado encontrou evidências que demonstram a participação dos executivos da multinacional em atividades ilícitas. 

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A procuradoria – que na Colômbia tem a prerrogativa de emitir a ordem de prisão – solicitou um mandado internacional de captura e indiciará os três por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito, acusações relacionadas ao projeto Rota do Sol.

Fontes ligadas ao processo reconheceram que as ordens de captura internacional não deverão ser cumpridas, pois o Brasil não extradita seus cidadãos. Em três ocasiões tentou-se levar o caso adiante usando a figura de réu ausente, mas a defesa conseguiu o adiamento de todas audiências. A procuradoria diz que, com a ordem de captura dos três brasileiros, busca garantir o comparecimento deles diante da Justiça colombiana. 

Rota do Sol: escândalo na construção de rodovia Foto: Jaime Saldarriaga/Reuters

De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, em 21 de dezembro de 2016, a Odebrecht pagou na Colômbia propinas estimadas em cerca de US$ 11 milhões como parte de uma rede milionária de corrupção na América Latina e na África. No entanto, o Ministério Público colombiano estima que o total tenha sido de 84 bilhões pesos (cerca de US$ 23,3 milhões).

A Justiça colombiana já condenou por suborno da Odebrecht os ex-deputados Otto Bula e Bernardo Miguel Elías Vidal, além de Roberto Prieto, que dirigiu a campanha de Juan Manuel Santos à presidência, e os irmãos Enrique e Eduardo Ghisays Manzur.

Em 2019, a promotoria tentou indiciar os diretores da multinacional brasileira por irregularidades no contrato para a construção da rodovia Ocaña-Gamarra. No entanto, as novas evidências obtidas permitiram determinar que a participação de Ideaki, Ferracuti e Marangoni foi muito maior do que se considerou inicialmente. 

“A decisão de indiciar os empresários brasileiros foi tomada pelo Ministério Público depois de encontrar mais evidências sobre a possível participação dos executivos da multinacional em diversas atividades ilícitas realizadas na Colômbia”, diz a nota da procuradoria.

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De acordo com autoridades colombianas, “as provas e as informações analisadas pela força-tarefa indicam que, em sua condição de diretores, eles tiveram uma maior participação e estiveram vinculados a uma organização criminosa permanente que se dedicou a cometer atos de corrupção no país”.

Consultada, a Odebrecht (Novonor) afirmou que está colaborando com as investigações em todos os países envolvidos. “Foram celebrados acordos de leniência no Brasil, nos EUA e em outros países, e um processo formal de colaboração com esse mesmo fim segue em curso com as autoridades colombianas”, disse a empresa em nota enviada ao Estadão

“A notícia causou surpresa, já que medidas de tal natureza não condizem com compromissos assumidos pelo Estado colombiano. É importante ressaltar que a empresa, assim como as pessoas mencionadas, permanecem à disposição das autoridades do país.” / EFE, COM RENATA TRANCHES

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