Colonos controlam bairro palestino

Relatório de ONG critica intervenção em Jerusalém Oriental

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Por AFP e JERUSALÉM
Atualização:

Autoridades israelenses delegaram a administração de parte do bairro palestino de Silwan, em Jerusalém Oriental, para o grupo de colonos Elad, que busca aumentar a presença de judeus na região. "Fizeram isso escondido, em alguns casos desrespeitando a lei, sem uma decisão oficial e pública por parte do governo ou do Parlamento", afirmou a organização Ir Amim (Cidade dos Povos) em relatório divulgado ontem. A entidade afirmou ainda que o bairro "é a pedra angular de um projeto de vasta amplitude destinado a tomar o controle dos territórios palestinos situados perto da Cidade Velha, para separá-la do tecido urbano de Jerusalém Oriental e anexá-la aos blocos de assentamentos no nordeste da cidade". Silwan é um velho bairro árabe de Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel depois da Guerra dos Seis Dias, em 1967. O bairro está situado nos arredores do santuário de Haram al-Sharif (área chamada de Monte do Templo pelos judeus). A região é o lugar mais sagrado do judaísmo e o terceiro mais sagrado do Islã. Por isso, analistas acreditam que qualquer modificação urbana poderia ter consequências graves nas relações entre israelenses e palestinos. O relatório afirma também que o grupo de colonos Elad controla todo o parque nacional da região por causa de uma negociação feita em 1997 com a agência pública responsável pelo setor. O acordo, porém, não seguiu os trâmites legais. Em 1999, o órgão nacional de arqueologia apresentou um recurso contra a decisão da Alta Corte de Justiça de Israel. No entanto, em 2002, apesar da sentença, o controle do parque voltou para o Elad. "Tecnicamente, o local é administrado pela Autoridade de Parques e da Natureza", afirmou Orly Noy, ativista da Ir Amim. "As pessoas chegam aqui pensando que estão em um ponto turístico gerenciado pelo governo, mas o que escutam é a agenda dos colonos." A Ir Amim também denunciou a compra de edifícios em Silwan por integrantes do Elad. O grupo - fundado e dirigido por um ex-subcomandante de uma das unidades das forças especiais do Exército de Israel - não quis comentar o texto do documento divulgado pela entidade.

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