JERUSALÉM - Uma mulher palestina e seus quatro filhos foram expulsos nesta quarta-feira, 10, da residência da família perto da Cidade Velha em Jerusalém Oriental, após uma disputa legal de mais de 24 anos, segundo informou a ONG israelense de direitos humanos Ir Amim.
Vários policiais israelenses estiveram hoje na propriedade da família Siyam e exigiram que ela deixasse o imóvel, afirmou a agência oficial palestina de notícias Wafa, que acrescentou que, diante da recusa dos residentes, pelo menos um deles foi detido.
O grupo pró-colonizador Elad foi o responsável por solicitar o despejo na Justiça, que permitiu a tomada de controle de outra propriedade da família Siyam, neste caso a sexta, deixando a família com apenas dois imóveis restantes.
A associação gerencia o complexo arqueológico e turístico da Cidade de David, onde supostamente se encontrava a antiga cidade do rei Davi, uma afirmação questionada por arqueólogos. Elad não comentou o caso do despejo da família.
Os palestinos acusam Israel e a fundação Elad de querer expulsá-los de Jerusalém.
"O despejo corresponde em grande parte à proximidade da residência do Parque Nacional Cidade de David (administrado pelo Elad) e ao objetivo geral da organização de expandir os assentamentos judaicos na área", afirmou à agência EFE Amy Cohen, porta-voz da Ir Amim.
Há dois dias, a Suprema Corte rejeitou a apelação contra uma decisão da Corte do Distrito de Jerusalém ditada em junho, que aprovava o despejo.
Junto com as forças policiais, também esteve presente no despejo um grupo de colonos que, após a retirada da família, começou a remover seus pertences, mudar cadeados e fechaduras, cortar árvores e a colocar uma cerca de separação com uma das propriedades que os Siyam ainda conservam.
O bairro de Silwan, especificamente a área de Wadi Hilweh, foi foco das operações do Elad durante anos, onde já tomou o controle de cerca de 75 residências palestinas, acrescentou a ONG em comunicado.
"A limpeza étnica de Silwan, Jerusalém e Palestina continua", escreveu hoje Hanan Ashrawi, membro do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina.
"Centenas de outras famílias nos bairros de Silwan e Sheikh Yarrah estão em risco de serem desalojadas por iniciativas pró-colonizadoras que contam com o apoio do Estado e constituem graves violações de direitos humanos", denunciou a Ir Amim.
Israel considera Jerusalém como seu capital "unificada e indivisível". Mas a comunidade internacional não reconhece a anexação israelense da parte oriental da cidade, que os palestinos querem converter na capital do Estado a que aspiram.
Cerca de 600 mil colonos israelenses estão instalados na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental, onde moram 2,9 milhões de palestinos. / EFE e AFP