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Com a paz de volta à Bolívia, Carlos Mesa prepara a transição

Por Agencia Estado
Atualização:

Com a calma de volta a La Paz - voltaram o comércio, os carros, os alimentos e os combustíveis -, o novo presidente da Bolívia, Carlos Mesa, empossado no fim da noite de sexta-feira após a renúncia de Gonzalo Sánchez de Lozada, pretende conduzir um governo de transição, convocando uma Assembléia Constituinte e culminando na realização de nova eleição presidencial. Jornalista e historiador, sem partido, Mesa, de 50 anos, foi eleito vice-presidente em julho do ano passado, e promete não dar cor partidária ao seu governo, embora seja simpatizante do Movimento Nacionalista Revolucionário. Segundo analistas políticos, a falta de vínculos pode até ser uma vantagem, no atual momento de acirramento político e de descrédito dos partidos. Mesa anunciou também a realização de um referendo "vinculante" sobre as exportações de gás, estopim dos protestos. "O tema do gás não se pode resolver sem a participação dos bolivianos", ponderou o presidente. "Dele dependem o desenvolvimento interno do país e sua participação no mundo." Os protestos começaram depois que o governo decidiu exportar gás para a Califórnia por meio do porto chileno de Iquique. Em guerra contra o Chile, os bolivianos perderam, em 1883, a saída para o Pacífico. A derrota originou ressentimentos até hoje explorados por líderes nacionalistas. O novo presidente disse que fará ainda uma revisão da Lei de Combustíveis, prometida também por Sánchez de Lozada, em sua tentativa de última hora de se manter no cargo. Os críticos da atuação legislação preferem que o gás natural abasteça todos os lares da Bolívia a preço acessível e receba valor agregado antes de ser exportado, em vez de sair diretamente da boca do poço para os países importadores. Tanto o referendo quanto a revisão da lei podem afetar contratos firmados pela Bolívia, incluindo o da Petrobrás, que construiu um gasoduto para importar gás natural do país. Há um sentimento generalizado no país de que a forma como os combustíveis são explorados por empresas estrangeiras e exportados prejudica a economia boliviana.

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