Com agravamento da situação em Roraima, Temer visita o Estado nesta segunda

Presidente e a governadora de Roraima, Suely Campos, vão se reunir para buscar soluções para os problemas criados pela imigração em massa de venezuelanos

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Por Tania Monteiro
Atualização:

Brasília – Preocupado com o agravamento da situação em Roraima, por conta do aumento da entrada de venezuelanos no Brasil, com o agravamento da crise no País, e principalmente depois da decisão da última semana da Colômbia, de fechar a sua fronteira com a Venezuela, para impedir a entrada dos vizinhos, o presidente Michel Temer decidiu ir pessoalmente a Boa Vista, para ver a situação “in loco” e verificar que medidas poderão ser tomadas para ajudar na solução dos problemas criados por esta imigração em massa. Nesta segunda-feira, 12, Temer vai se reunir com a governadora de Roraima, Suely Campos.

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“Não dá para esperar o carnaval terminar para agir. A situação é dramática. Precisamos entrar com uma forte ação federal para ajudar o estado e os municípios de Roraima”, disse ao Estado o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, que esteve na quinta-feira da semana passada em Boa Vista, ao lado dos ministros da Defesa, Raul Jungmann, e da Justiça, Torquato Jardim, verificando os problemas.

Presidente Michel Temer Foto: André Dusek/Estadão

“O quadro lá é muito sério”, prosseguiu o ministro, ao informar que a ideia do governo federal é ampliar “ainda mais fortemente” o aparato de apoio ao estado, com mais ações de saúde, como levar mais suprimento para a população, por exemplo, além do reforço das fronteiras com soldados e Polícias Federal e Rodoviária Federal, para ajudar no ordenamento da entrada dos venezuelanos, já que o estado, sozinho, não tem condições de receber tantos imigrantes, atendê-los e abrigá-los.

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Segundo Etchegoyen “aliada à situação econômica já deteriorada, isso se agravou com a iniciativa da Colômbia de adotar medidas mais rígidas de entrada pela fronteira com a Venezuela”, o que acabou aumentando, ainda mais o fluxo de venezuelanos para o Brasil. “Fechar fronteira não é política do Brasil”, observou o ministro, acrescentando que a solução é agir para dar apoio federal para aliviar a fronteira e resolver a questão humanitária.

O presidente Temer, que está no Rio de Janeiro com a família passando os feriados de Carnaval, vai sair de lá direto para Boa Vista, nesta segunda-feira, por volta das 11 horas. Temer deve retornar ao Rio depois da visita, para permanecer com a família na Restinga da Marambaia.

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Além do GSI, da Defesa e da Justiça, representantes da Saúde, das Relações Exteriores, do Desenvolvimento Social, entre outros órgãos participarão da visita. “Sabemos que o sucesso do apoio vai levar a mais êxodo de venezuelanos para o Brasil. Por isso, precisamos encontrar uma forma criativa que evite isso, mas que nos permita ajudar os venezuelanos que já estão aqui”, comentou.

Uma das medidas a serem adotadas rapidamente, segundo informou o ministro Jungmann ao Estado, ao final da visita da semana passada, é de descentralização de venezuelanos, que serão transferidos, inicialmente para São Paulo, Paraná, Amazonas e Mato Grosso do Sul. Esta operação deverá começar a partir de meados de março, quando o governo federal pretende começar a distribuir a primeira leva de mil venezuelanos que chegaram a Roraima.

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Um censo também será realizado para que se tenha ideia do número exato de venezuelanos que entraram e estão entrando no País já que os números são conflitantes, mas giram entre 30 mil e 40 mil. Por dia, passam pela fronteira do Brasil cerca de 700 venezuelanos em busca de melhores condições de vida, depois que o país governado por Nicolás Maduro se aprofundou em grave crise econômica, política e social. Os primeiros dados apontam que 70% desses venezuelanos tem nível médio de escolaridade e 30% têm nível superior e que deixaram seu país em busca de oportunidade por falta de comida, emprego, medicamentos.

Na sexta-feira, o presidente Michel Temer, em entrevista à Rádio Guaíba, disse que o Brasil vive um embate diplomático com a Venezuela e que a ações de seu governo não "diplomáticas" e "contestadoras" em relação ao que acontece no país vizinho. Temer comentou ainda que seu governo “discorda da forma como as coisas caminham lá (na Venezuela), que geram os refugiados” e lembrou que já editou decreto concedendo identidade provisória para estas pessoas que estão entrando no Brasil, como forma de identificá-las.

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