Com eleição legislativa, britânicos esperam solução para o Brexit

Eleitores ouvidos pelo 'Estado' dizem acreditar que, seja qual for o partido vencedor, país 'terá um caminho a seguir' em relação à saída da União Europeia, o que permitirá que outras questões, como educação e segurança, recebam atenção do Parlamento

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Por Célia Froufe (Broadcast)
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LONDRES - A avaliação de analistas políticos de que as eleições gerais no Reino Unido realizadas nesta quinta-feira, 12, são as mais importantes em pelo menos uma geração encontra eco entre os eleitores britânicos. 

"Esta será uma eleição transformadora", afirmou a contadora Kelly Stanford, ao sair de uma escola para votar. As aulas foram suspensas para que os eleitores possam ir pessoalmente entregar seus votos, mas muitos já optaram pelo envio de suas cédulas pelos correios. 

Mesários aguardam eleitores em seção eleitoral instalada em lavanderia em Oxford Foto: AP Photo/Matt Dunham

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Votar não é obrigatório no país, ainda que todos os residentes - nacionais ou estrangeiros da União Europeia - tenham de se cadastrar na zona eleitoral mais próxima de sua residência sob pena de pagarem multas pesadas.

A transformação se dará, de acordo com Kelly, independentemente do candidato vencedor. Todas as pesquisas apontam que o atual primeiro-ministro, Boris Johnson, será o mais votado e sua principal pauta é a conclusão do processo do Brexit a partir de janeiro.

O candidato que deve ser o segundo mais votado, segundo as pesquisas, é o líder da oposição, Jeremy Corbyn, do Partido Trabalhista. Com um discurso mais à esquerda, ele promete ampliar verbas para o sistema nacional de saúde (NHS), que já foi orgulho do país e hoje passa por um processo de decadência.

Kelly não quis dizer em quem votou, mas lembrou que a população está cansada do Brexit, que teve início há quatro anos com a campanha para o plebiscito realizado em junho de 2016, quando a maioria (52%) votou a favor da saída. 

Eleitores votam na Hylands Primary School, no nordeste da capital britânica Foto: Célia Froufe/Estadão

Desde então, qualquer outro assunto tem sido relegado a segundo plano no país - da educação à segurança, de diferenças sociais à própria saúde. "Por isso, acho que, a partir de agora, pelo menos teremos um caminho a seguir. Mas é bom salientar: qualquer que seja o resultado, boa parte dos britânicos ficará desapontada", ponderou.

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Na Hylands Primary School, o funcionário destacado para auxiliar os eleitores, Andy Skage, também conversou com o Estado. "Está bem agitado aqui", opinou. Aparentemente, no entanto, o clima é de tranquilidade. No período de meia hora em que a reportagem esteve no lugar, oito pessoas foram votar. Como o local está vazio, todo o processo, ainda com cédulas de papel e urna, é feito em minutos.

"As pessoas estão vindo votar felizes. Elas querem que as coisas se resolvam", continuou. A escola fica em Romford, no Nordeste da capital britânica e é parte do bairro Havering, tradicional reduto dos conservadores e a principal exceção da grande Londres no plebiscito de 2016, quando a região votou pela permanência do Reino Unido na União Europeia (UE), mas o bairro votou em grande parte pela separação. Nas últimas eleições, os conservadores sempre ganharam na região e, segundo consultores políticos, essa tendência não deve se reverter tão cedo.

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