Com o pé na estrada, fugindo da crise da Venezuela

Deixando tudo para trás, venezuelanos se dispõem a enfrentar longas viagens e um novo começo longe da escassez e de suas raízes

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Enquanto o presidente Nicólas Maduro e a oposição lutam pelo poder na Venezuela, a opção de muitos que querem escapar da crise não é outra se não a de deixar o país. Em meio a escassez de alimentos, falta de remédios até mesmo em hospitais, violência crescente e alta da inflação, venezuelanos de diversas idades e classes sociais procuram recomeçar a vida em outro lugar.

Para aqueles sem condições financeiras, o trajeto é feito de ônibus em rotas quase continentais. Eles se reúnem, formam grupos e trocam experiências de como proceder, achar o melhor itinerário e buscar oportunidades de emprego. Muitos escolhem permanecer na América Latina, em países como Chile e Equador. O Brasil também é um dos destinos, mas a barreira da língua desencoraja alguns dos imigrantes. 

 Foto: Infográfico/Estadão

Ainda assim, o número de solicitações de refúgio de venezuelanos para o País é maior do que a soma dos dois últimos anos, apenas nos primeiros sete meses de 2016. De janeiro a julho deste ano, o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) recebeu 1.247 pedidos de refúgio da Venezuela, ante 868 em 2015 e 223 no ano anterior. O perfil socioeconômico dessas pessoas, entretanto, só será conhecido após o processamento das solicitações, de acordo com o Conare.

O Estado conversou com pessoas de diferentes idades e condições econômicas, que têm em comum a falta de esperança na Venezuela. Com apenas 22 anos, Kevin terá de passar por quatro países numa travessia de mais de 6 mil quilômetros. Já Amy F. viu a família espalhar-se pelo continente americano com a crise. Ela também se mudou, para João Pessoa (PB), com o marido brasileiro. E Elaina Carrion, publicitária, começa a vender seus bens para sair do país.

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