Com Obama, extrema direita ganha novo impulso

Especialistas temem que novo surto radical leve a tragédias como o atentado de Oklahoma, em 1995, que matou 168 pessoas

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Por Patrícia Campos Mello e AMARILLO (EUA)
Atualização:

Os EUA vivem uma proliferação de grupos extremistas, levando especialistas a temer uma repetição do atentado de Oklahoma. O número de grupos contra o governo, chamados de "patrióticos", passou de 149 em 2008 para 512 no final de 2009, segundo estimativa do instituto Southern Poverty Law. Os principais motivos são a crise econômica e o fato de o país ter eleito um presidente negro, diz Heidi Beirich, diretora do instituto. Para Heidi, está havendo uma assustadora repetição dos anos 90, quando se multiplicaram os grupos radicais durante o governo Bill Clinton, como reação às políticas adotadas pelos democratas. A radicalização culminou no atentado de Oklahoma, quando o extremista branco Timothy McVeigh destruiu um edifício do governo, matando 168 pessoas. Foi o segundo maior atentado nos EUA, só atrás do 11 de Setembro. Alguns dos integrantes de grupos terroristas domésticos dos anos 90 estão voltando à ativa agora. "Estamos muito preocupados com uma repetição do atentado de Oklahoma", disse Heidi. Incitadores. Esses grupos se opõem a tudo o que veem como intervenção do governo. Alimentam-se de teorias conspiratórias (como os "birthers", que acreditam que Obama nasceu no Quênia e por isso não pode ser presidente) e estão revoltados "com tudo isso que está aí" : pacotes de estímulo, déficit crescente, reforma do sistema de saúde, resgate de Wall Street, e os atuais líderes políticos. Eles têm sido encorajados até pela grande imprensa e por políticos tradicionais. Glenn Beck, apresentador da Fox, frequentemente exorta americanos a fazerem alguma coisa contra a ampliação do papel do governo. Michele Bachman, deputada republicana de Minnesota, disse que queria "as pessoas de Minnesota armadas e perigosas" para lutar contra as propostas de legislação para reduzir o aquecimento global."Estamos bem no meio de uma das maiores rebeliões populistas de direita da história dos EUA", escreveu Chip Berlet, analista que estuda a direita americana.

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