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Com panfletos, Israel ameaça lançar nova fase da ofensiva contra Hamas

Após bombardeios e invasão por terra, Exército pode intensificar ações diretas contra grupo em zonas urbanas

Por Gustavo Chacra
Atualização:

Por meio de milhares de panfletos lançados de aviões militares sobre a Faixa de Gaza, Israel ameaçou ontem iniciar uma nova fase de sua ofensiva contra o grupo islâmico Hamas, que controla o território desde 2007. O anúncio pareceu indicar que o governo poderá dar início em breve ao "terceiro estágio" do confronto, rejeitando apelos internacionais pelo cessar-fogo. A terceira fase se seguiria aos bombardeios, iniciados no dia 27, e à invasão por terra, no dia 3. O conflito, que completou ontem 15 dias, já deixou pelo menos 830 palestinos mortos, segundo fontes médicas de Gaza. "O Exército de Israel intensificará suas operações contra túneis de contrabando, arsenais de armas e terroristas em toda a Faixa de Gaza", anunciaram os panfletos escritos em árabe. "Não estamos trabalhando contra a população de Gaza, mas contra o Hamas e os terroristas. Fiquem seguros ao seguir nossas ordens", dizia o texto. Os panfletos recomendaram à população não ajudar o Hamas e manter-se distante de seus membros. A mesma mensagem foi enviada aos celulares locais. O lançamento dos panfletos pareceu ser uma tática psicológica. Autoridades da Defesa disseram ontem à Associated Press que o Exército já está pronto para a terceira fase, mas ainda espera a aprovação do governo. Especula-se também que uma quarta etapa da ofensiva envolveria a reocupação de Gaza e a destituição do Hamas. Até agora, não está claro como será a terceira fase da operação militar. O certo apenas é que deve envolver milhares de reservistas convocados nas últimas semanas. Além disso, Israel pode intensificar ações em zonas urbanas, entrando em confrontos diretos com militantes do Hamas - o que deve elevar o número de mortos nos dois lados. Até agora, 13 israelenses, sendo 10 soldados, morreram. Ontem pelo menos 15 foguetes atingiram o sul do país. Em Ashkelon, a 20 quilômetros de Gaza, três israelenses ficaram feridos. "Israel está determinado a seguir com a operação até termos uma conclusão positiva, até acabar com o terrorismo contra os israelenses", disse Rafi Eitan, integrante do Gabinete de Segurança de Israel. Ontem o Exército afirmou ter matado mais de 15 militantes em confrontos durante a madrugada, com a Força Aérea bombardeando mais de 40 alvos. No episódio mais sangrento do dia, nove palestinos morreram no jardim de sua casa no campo de refugiados de Jebaliya ao serem atingidos por disparos de um tanque, afirmou o administrador do hospital local, Adham el-Hakim. A ONU e outras organizações internacionais presentes em Gaza dizem que a maioria das vítimas é civil. Os israelenses argumentam que têm feito o possível para não atingir inocentes e culpam o Hamas de usar mulheres e crianças como escudos humanos. Em discurso feito ontem à rede de TV Al-Jazira, Khaled Meshaal, líder do Hamas que vive exilado em Damasco, disse que os ataques a Gaza acabaram com as últimas chances de negociações com Israel. Segundo ele, para que o grupo volte a dialogar com Tel-Aviv, os israelenses teriam de se retirar de Gaza e acabar com o bloqueio econômico ao território.

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