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Com Trump focado na eleição, covid se dissemina rapidamente pelos EUA

Com ausência do presidente americano, governadores assumem combate ao vírus e adotam novas medidas de segurança; em todo o país, hospitalizações passam de 60 mil pela primeira vez

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - Com o presidente Donald Trump focado na eleição, a covid-19 vem avançando nos EUA e ameaça escapar do controle. Nunca foram registrados tantos novos casos diários, o número de mortes é o mais alto desde maio e as hospitalizações ultrapassaram pela primeira vez a marca de 60 mil. Em alguns Estados, profissionais de saúde contaminados, mas assintomáticos, foram convocados para o trabalho. Em outros, médicos já planejam selecionar quem deve receber tratamento. 

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Os EUA já registraram 10,5 milhões de casos e 248 mil mortes – cerca de 20% do total global, em ambos os casos. A situação é mais grave em razão do vácuo de liderança política. Trump, que vem prometendo desde fevereiro que a pandemia vai desaparecer a qualquer momento, segue enfurnado na Casa Branca, envolvido em sua batalha jurídica para contestar a vitória de Joe Biden nas urnas. 

Enquanto isso, o democrata vem pedindo aos americanos que usem máscara, que adotem o distanciamento social e montou uma equipe de cientistas para ajudar no combate à pandemia, mas ainda não tem o poder da presidência para promover políticas mais abrangentes. 

Pessoas aguardam em seus carros em Milwaukee, Wisconsin, para fazer o teste do coronavírus Foto: Bloomberg photo by Bing Guan

A maior preocupação das autoridades é que a aceleração da pandemia coincide com o feriado de Ação de Graças, dia 26, quando tradicionalmente muitas famílias se reúnem por todo o país. Na quarta-feira, de acordo com a Universidade Johns Hopkins, os EUA registraram 1.893 mortes, número mais alto desde maio. Os novos casos diários estão acima dos 100 mil por dez dias seguidos – ultrapassando os 140 mil ontem, o dobro do que era registrado no pico da última onda, em julho. 

As hospitalizações romperam a barreira de 60 mil esta semana, número mais alto desde o início da pandemia. A situação é grave na Dakota do Sul, onde 1 de cada 1.624 habitantes está internado, e na Dakota do Norte, onde o índice é de 1 para cada 1.854 – o Estado sofre ainda com a falta de mão de obra e convocou para o trabalho os profissionais de saúde que testaram positivo, mas estão assintomáticos. 

“Nas UTIs, os profissionais estão saturados e precisam de uma pausa”, disse Janis Orlowski, diretora da Associação Americana de Faculdades de Medicina. “Por isso, anestesistas que sabem operar respiradores estão sendo transferidos para UTIs. Técnicos estão substituindo enfermeiras e funcionários de atendimento ambulatorial estão fazendo turnos em hospitais.”

Em El Paso, no Texas, não há mais vagas em hospitais e os pacientes estão sendo transferidos para outras cidades do Estado. Em Utah, o governo estadual afirma que os médicos estão perto de ter de escolher quem recebe tratamento. Segundo a Associação de Hospitais do Estado de Washington, equipes e pacientes podem ser transferidos de uma região para outra em caso de necessidade. “Estamos chegando no limite”, disse Dave Dillon, porta-voz da Associação de Hospitais do Missouri. 

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Com a ausência de Trump, os Estados assumiram o combate à covid. Ontem, Mike DeWine, governador republicano de Ohio, determinou o uso obrigatório de máscara e impôs restrições de movimento. “Sei que as pessoas estão cansadas. Mas não podemos nos render”, disse. “Se não tomarmos uma atitude, não teremos escolha a não ser fechar bares e academias de ginástica.”

Em Illinois, um grupo de médicos escreveu uma carta para o governador democrata, Jay Pritzker, afirmando que o Estado chegará ao limite da capacidade de UTIs no feriado. “Estamos no pior momento da pandemia”, afirmou Vineet Arora, um dos líderes do grupo. Para Albert Ko, epidemiologista da Yale School of Public Health, a situação será pior em dezembro. “Já perdemos o controle da doença”, disse. / WP e NYT 

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