Com US$ 20 bi, China enche cofres de Chávez

Empréstimo chega a 5 meses de teste eleitoral de governo bolivariano;[br]em contrapartida, Pequim recebe garantia de fornecimento de petróleo

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Por Cláudia Trevisan , CORRESPONDENTE e PEQUIM
Atualização:

A Venezuela obteve no fim de semana um empréstimo de US$ 20 bilhões da China, que será utilizado, pelo menos em parte, na construção de estradas e obras de infraestrutura, segundo o presidente Hugo Chávez. A injeção de recursos pode trazer um alívio financeiro ao governo venezuelano a cinco meses da eleição legislativa, que será um termômetro da popularidade do presidente.Estudo do banco Morgan Stanley, divulgado em março, defende que a Venezuela pode ter falta de divisas em 2010 em razão da queda na produção de petróleo - ela passou de 3,7 milhões de barris diários, em 1997, para 2,2 milhões atualmente.O petróleo responde por 94% das exportações da Venezuela e uma menor produção significa que o país receberá menos dólares, em um cenário de preços estáveis. Para analistas, o aumento recente da cotação do petróleo pode não ser suficiente para compensar a queda na produção.O empréstimo de US$ 20 bilhões que dará fôlego a Chávez terá como garantia o fornecimento de petróleo à China por dez anos, em um modelo semelhante ao financiamento de US$ 10 bilhões concedido à Petrobrás no ano passado.Além disso, a PetroChina assinou um memorando com a estatal venezuelana PDVSA para a explorar o campo de Junin 4, na Bacia do Orinoco. O acordo, que ainda precisa ser ratificado, tem prazo de 25 anos e prevê investimentos de US$ 16 bilhões.Os dois negócios deveriam ter sido anunciados durante a visita à Venezuela do presidente Hu Jintao, prevista para o fim de semana, mas cancelada em razão do terremoto que atingiu a Província de Qinghai na quarta-feira.O relacionamento entre China e Venezuela se fortaleceu desde a chegada de Chávez ao poder. Os dois países têm um fundo comum de investimentos de US$ 12 bilhões, a maior parte fornecido pelos chineses. Em 2008, a China lançou o primeiro satélite de telecomunicações da Venezuela. Pequim também vende armas para Caracas.

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