Comandante australiano e líder rebelde reúnem-se no Timor

Jovens fizeram uma manifestação nesta sexta pedindo a renúncia do primeiro-ministro Mari Alkatiri, a quem culpam pela atual crise no país

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Por Agencia Estado
Atualização:

O comandante das forças australianas no Timor Leste, Mick Slater, vai se reunir nesta sexta-feira com o major Alfredo Reinado, líder dos militares rebeldes timorenses, para pedir que ele deponha as armas e acabe com a crise no país. Segundo um porta-voz militar australiano, Slater viajou de helicóptero para as montanhas, ao sul de Díli, onde Reinado se refugiou com seus homens. Eles são parte dos 600 soldados que foram dispensados do Exército do Timor em março. Reinado, que recebeu treinamento militar na Austrália, manifestou nos últimos dias apoio à presença de tropas internacionais no Timor, a maior parte australianas. Elas chegaram a pedido das autoridades do país para tentar controlar a violência nas ruas de Díli. Ele também se disse fiel ao presidente do Timor Leste, o líder da luta pela independência Xanana Gusmão. Os rebeldes pedem a renúncia do primeiro-ministro, Mari Alkatiri, a quem culpam de começar a crise ao expulsar do Exército os soldados que pediam o fim dos privilégios entre os comandantes. Mudanças A crise provocou mudanças no governo, como a nomeação para o ministério da Defesa do chanceler José Ramos Horta, e de Alcino Biras como ministro do Interior. Mas Alkatiri, apesar de ser impopular, continua no seu cargo. A revolta de Reinado foi o estopim para os confrontos violentos entre os habitantes do oeste, a maioria, e a minoria do leste que controla o governo e as Forças Armadas. Segundo o general Slater, as forças australianas obtiveram a cooperação de algumas das facções rebeldes, que se comprometeram a ficar fora de Díli para permitir a volta da tranqüilidade. Mas quadrilhas de jovens armados continuam atuando em alguns bairros. A perspectiva de uma crise humanitária também tem provocado saques e pilhagens. Protesto Membros da Juventude do Timor Leste se manifestaram nesta sexta-feira em frente ao plácio do governo com cartazes pedindo a renúncia do primeiro-ministro, Mari Alkatiri, para que o presidente Xanana Gusmão assuma a chefia do governo. Eles exigiram também a dissolução do Parlamento, dominado pelo Fretilim, partido de Alkatiri, acusado de governar de acordo com os preceitos comunistas aprendidos em mais de 24 anos de exílio em Moçambique. Alkatiri reafirmou que não vai renunciar. No entanto, ele perdeu grande parte de seu poder político quando Gusmão assumiu o comando das forças de segurança e após a destituição dos ministros da Defesa e do Interior.

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