Comandante britânico no Iraque reclama de falta de recursos

Segundo Richard Shirreff, Exército recebe recursos aquém dos necessários

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O comandante das forças britânicas no sul do Iraque disse nesta quarta-feira, 27, que os militares sofrem há uma geração com a falta de verbas e que não recebem a atenção adequada. Em entrevista à BBC em Basra, o general Richard Shirreff disse que "a nação (britânica) precisa entender que a qualidade do trabalho feito por esses corajosos homens e mulheres aqui só acontece e só pode continuar se nossos soldados foram adequadamente apoiados em casa em termos de treinamento, infra-estrutura, quartéis, acomodação". "Francamente, algumas dessas questões precisam ser resolvidas. Isso é resultado de uma geração que recebe recursos aquém dos necessários e da relativa negligência em termos políticos", disse ele, acrescentando não culpar nenhum partido ou governo em especial. Vários militares de alta patente vêm criticando a estratégia britânica no Iraque ou queixando-se da falta de recursos adequados. Shirreff deixa seu posto no Iraque em janeiro. Os comandantes militares alertam que as forças britânicas estão sobrecarregadas, com 7.200 soldados no Iraque e quase 6.000 no Afeganistão. Richard Dannatt, comandante do Exército, causou polêmica em outubro ao dizer que o planejamento para o pós-guerra iraquiano é ruim e que as tropas britânicas deveriam deixar o país em breve porque sua presença está piorando a segurança. Sir Mike Jackson, que já foi o chefe do Estado-Maior do Reino Unido, acusou o governo neste mês de não dar aos soldados os recursos e o apoio necessários. Parlamentares e jornalistas se queixam da escassez de veículos blindados, blindagens corporais e helicópteros. Respondendo a Shirreff, o Ministério da Defesa disse ter reconhecido "há muito tempo a importância de investir adequadamente nas nossas Forças Armadas, e por isso o orçamento de Defesa cresceu consistentemente em 3,7 bilhões de libras (US$ 7,26 bilhões) extras nos últimos três anos financeiros". A chanceler britânica, Margaret Beckett, disse em novembro que a Grã-Bretanha pode transferir o controle da província de Basra às forças iraquianas no começo de 2007. Mas Shirreff disse que o Exército iraquiano não está pronto para enfrentar as milícias xiitas que agem na região. "Vejo esta missão passando de uma missão de segurança para ser mais uma missão de assistência militar", afirmou, defendendo que soldados britânicos se empenhem mais no treinamento das unidades iraquianas. "Isso vai levar tempo, mas nosso negócio não é cair fora. Vamos manter uma brigada ou algo assim nesta parte do Iraque por algum tempo ainda."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.