Comandante do Exército paquistanês nega temor de golpe

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Por FAISAL AZIZ E SHEREE SARDAR
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O poderoso Exército do Paquistão prometeu nesta sexta-feira continuar apoiando a democracia e reiterou que não planejava um golpe de Estado, enquanto a tensão aumentava devido a um polêmico memorando alegando um complô militar para tomar o poder. Ao mesmo tempo, o porta-voz do presidente Asif Ali Zardari disse que ele havia retomado o cargo depois de voltar de um tratamento médico em Dubai, e que não tinha intenção de sair por causa do escândalo, que prejudicou o já profundamente impopular presidente. Segundo um comunicado do Exército, o general Ashfaq Kayani disse às tropas que as Forças Armadas continuarão apoiando a democracia no Paquistão e que qualquer conversa sobre planos dos militares para tomarem o poder era "especulação". Muitos paquistaneses se perguntam se Zardari conseguirá sobreviver à crise, e cresce a especulação de que generais poderosos tentarão derrubá-lo de alguma maneira. A tensão é um sinal preocupante para a região e para a relação difícil do Paquistão com seu principal aliado, os Estados Unidos. Há vários cenários sob os quais Zardari pode ser obrigado a sair. Os militares não querem ser vistos como interferindo na política, mas poderiam usar sua vasta influência para isolar o presidente, ou oferecer a ele uma saída honrosa, garantindo que ele não enfrentará processo sob as acusações de corrupção. Por outro lado, a Suprema Corte, vista por muitos como anti-Zardari, poderia agir contra ele no caso do memorando. Os EUA querem estabilidade política no Paquistão para que Islamabad possa ajudar no combate à militância e nos esforços do Ocidente para estabilizar o Afeganistão. Zardari, conhecido por sua resiliência frente à pressão, pretende permanecer no Paquistão, disse seu porta-voz. "Ele está desempenhando seu trabalho costumeiro. Não há verdade nos relatos de que o presidente deixará o país depois de 27 de dezembro. Ele está aqui no Paquistão e veio para ficar", disse Farhatullah Babar à Reuters. Zardari deve discursar em um comício em 27 de dezembro, no quarto aniversário do assassinato de sua mulher, a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto. Na sexta-feira, Zardari presidiu uma reunião com líderes do seu Partido Popular do Paquistão e também se reuniu com parceiros da coalizão. Mais cedo, o principal juiz do Paquistão tentou acalmar os temores de um possível golpe militar conforme aumentava a tensão. "Não há discussão sobre um golpe. Já se foram os dias em que as pessoas costumavam obter validação para medidas inconstitucionais dos tribunais", disse o presidente da Suprema Corte, Iftikhar Chaudhry. A Suprema Corte analisa uma petição exigindo um inquérito sobre o que ficou conhecido como "memogate". Kayani, o homem mais poderoso do país, pediu uma investigação sobre o que pode estar por trás do memorando.

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