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Combate ao terrorismo provoca violação de direitos, diz grupo

Por TIM COCKS
Atualização:

Casos de tortura, espancamento, execução, racismo e vigilância invasiva constam dos abusos cometidos por países em nome do combate ao terrorismo, afirmou na segunda-feira um grupo de defesa dos direitos humanos. A Comissão de Direitos Humanos da Comunidade Britânica disse que, desde os ataques de 11 de Setembro, muitos países passaram a usar suas forças militares para realizar atividades de policiamento em meio à chamada "guerra contra o terror", o que provocou a adoção de técnicas violentas, incluindo assassinatos extrajudiciais. A Comissão fez essas acusações em um relatório no qual avalia a situação dos direitos humanos nos 53 países membros do órgão antes do Encontro de Chefes de Governo da Comunidade Britânica (CHOGM), que ocorre a cada dois anos. "Até recentemente, a tortura era condenada na qualidade de violação crassa dos direitos humanos. O medo do terrorismo e o desejo de responder a ele estão minando continuamente essa proibição absoluta", disse o relatório. Entre os países acusados de violações inclui-se, no relatório, o Paquistão, que pode ser suspenso da Comunidade Britânica porque o presidente Pervez Musharraf declarou lei marcial no país. Uganda também constou da lista. No país, a polícia do Exército invadiu a Suprema Corte para prender simpatizantes da oposição acusados de traição e que sairiam livres sob fiança. "O assassinato extrajudicial de 'terroristas' oferece uma via fácil para eliminar suspeitos. Com frequencia, os 'terroristas' são crianças, dissidentes, manifestantes desarmados e pacíficos," disse o relatório. A elaboração de "perfis afirmativos" de suspeitos de serem terroristas levou à criação de estereótipos racistas, afirmou o grupo. Na Grã-Bretanha, pessoas vindas do sul da Ásia ou pessoas de famílias vindas do sul da Ásia possuem 30 por cento mais chances de serem paradas pela polícia. Uganda receberá o CHOGM na sexta-feira, depois de uma visita oficial da rainha Elizabeth 2a, da Grã-Bretanha. A monarca é chefe da Comunidade Britânica. O relatório observa que, apesar de 13 convenções e resoluções internacionais de combate ao terrorismo, a comunidade internacional todo não conseguiu chegar a um acordo sobre a definição de terrorismo.

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