Quatro dias de intensos combates entre forças governamentais apoiadas pelos etíopes e insurgentes islâmicos deixaram 381 mortos na capital da Somália, informou um grupo de direitos humanos local. A informação foi divulgada no mesmo dia em que o governo somali pediu que civis que vivem na capital, com aproximadamente 2,5 milhões de habitantes, deixem suas casas em áreas de maior conflito para uma nova incursão militar contra insurgência islâmica. "Nós pedimos aos civis que vivem em áreas de presença terrorista em Mogadiscio abandonem suas casas porque é provável que o governo somali realize ataques nestas regiões a qualquer momento", disse o ministro da Defesa do país, Salad Ali Jelle. Houve esperança no domingo quando um clã de Mogadiscio anunciou que não provocaria mais violência. No entanto, horas depois, novos ataques foram realizados na capital. "Nos últimos quatro dias registramos 381 mortos e 565 feridos," informou Sudan Ali Ahmed, presidente da Organização de Direitos Humanos Elman. Crise humanitária A situação humanitária piora a cada dia em Mogadiscio, onde os moradores assustados continuam trancados em casa, sem energia elétrica ou água corrente e com poucos alimentos. Milhares de habitantes fugiram para outras regiões com medo de morrer nos violentos confrontos e tiroteios com fuzis e metralhadores que ocorrem entre os dois lados. O presidente de transição somali, Abdullahi Yousef Ahmed, quer que todas as milícias que atuam em Mogadiscio tenham se desarmado até 16 de abril, quando começará uma conferência de reconciliação no país que tentará pôr fim às divergências que há 16 anos impedem a governabilidade na nação. A Somália está em meio ao caos político desde 1991, quando os líderes dos clãs tradicionais derrubaram o ditador Siad Barre e dividiram o país em regiões controladas por suas milícias particulares, que lutavam constantemente entre si e exploravam os moradores.