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Combates na Somália matam 52 e ferem 120

Fontes hospitalares afirmaram que 20 pessoas morreram nos combates

Por Agencia Estado
Atualização:

Pelo menos 52 pessoas morreram e 120 ficaram feridas neste sábado, 21, no quarto dia consecutivo de intensos combates em Mogadíscio, na Somália, onde a população teme contrair doenças por causa das chuvas e dos inúmeros cadáveres que permanecem nas ruas da capital há duas semanas. Fontes hospitalares afirmaram que 20 pessoas morreram nos combates deste sábado, enquanto a organização somali de direitos humanos Elman contou 52 mortos e 120 feridos. Para esta última contagem, contribuíram fontes hospitalares e moradores dos bairros atingidos pelos combates. Nos quatro dias de choques armados, segundo a Elman, 165 pessoas morreram e 229 ficaram feridas. A última onda de combates teve início na noite de ontem e foi retomada na manhã de sábado, após uma interrupção causada pela chuva. Os combates se estenderam pelo norte da cidade e na região onde fica o maior estádio de futebol mais da capital somali. Entre a população, as chuvas das últimas horas e os inúmeros cadáveres que permanecem nas ruas da cidade há duas semanas fizeram crescer o temor do surgimento de doenças. O presidente da Elman, Sudan Ali Ahmed, classificou a situação como uma "autêntica tragédia" e acrescentou que não entende "por que o mundo se cala" quando "aqui o povo inocente está morrendo sem sentido". No fim de março, os intensos conflitos na região causaram mais de mil mortes, a maioria de civis, e, apesar de alguns combates esporádicos terem sido registrados posteriormente, houve períodos de relativa calma até quarta-feira, quando os choques armados voltaram à tona. Os combates colocam frente à frente soldados etíopes e do Governo somali com grupos de milicianos que estão vinculados aos Tribunais Islâmicos ou que seguem diretrizes dos líderes do clã Hawiye - o mais influente da capital e que se opõe à presença de soldados etíopes no país. As tropas etíopes chegaram à Somália em 24 de dezembro de 2006, para apoiar o Governo de transição e expulsar os milicianos islâmicos dos territórios que controlavam, incluindo a capital. Apesar de o clã Hawiye e de os chefes militares etíopes terem assinado no início deste mês uma trégua, as hostilidades recomeçaram poucos dias depois, como já ocorreu outras vezes com outros acordos similares no país. Nos arredores da cidade, os desabrigados, que se vêem obrigados a viver sob as árvores, sofrem de diferentes doenças, sobretudo diarréias e cólera, que afetam principalmente os idosos e as crianças. Além disso, a compra de artigos de primeira necessidade ficou complicada na cidade, já que o mercado de Bakara, o maior de Mogadíscio, teve o funcionamento prejudicado após ter sido atingido pelas bombas. A maioria dos bairros onde os ataques foram registrados está desabitado, uma vez que seus moradores abandonaram suas casas e muitas destas foram destruídas. Os desabrigados somam cerca de 312.000, segundo um relatório divulgado nesta sexta-feira pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Desde 1991, quando o ditador Mohammed Siad Barre foi deposto, a Somália vive sem que um Governo tenha conseguido impor sua autoridade. Por conta disso, o país tem sido cenário de lutas entre diferentes clãs e de conflitos com milicianos islâmicos, os quais começaram no ano passado. Devido à situação no país, a União Africana prometeu enviar um grupamento de 8.000 soldados para substituir as tropas etíopes. Porém, até agora, só 1.500 soldados desse contingente, procedentes da Uganda, chegaram à Somália.

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