
23 de fevereiro de 2017 | 12h44
NAÇÕES UNIDAS - Um comboio de ajuda humanitária que se dirigia a zonas sitiadas da Síria foi interceptado por homens armados que saquearam os alimentos e maltrataram os motoristas, dias antes do início das negociações de paz, indicou a ONU na quarta-feira.
Somente três comboios conseguiram chegar às cidades tomadas pelos rebeldes nos últimos meses, o que o responsável das operações humanitárias da ONU, Stephen O'Brien, descreveu como uma taxa de assistência de "zero ou quase zero" aos sírios que vivem nas zonas cercadas.
A difícil paz na Síria
Esta semana, outros dois comboios se dirigiram a Waer, uma cidade tomada pelos rebeldes no centro do país, mas um deles teve que dar a volta em razão da presença de atiradores de elite ao longo da estrada.
No dia seguinte, bombardeios e disparos impediram novamente os caminhões de chegarem à cidade, e no caminho de volta o comboio foi desviado por homens armados até "uma zona tomada pelas forças governamentais", segundo O'Brien.
"Os motoristas e os caminhões foram temporariamente retidos e vários motoristas foram maltratados e liberados depois, sem a ajuda humanitária", acrescentou o diplomata da ONU.
A Organização das Nações Unidas pediu na semana passada ao governo sírio de Bashar Assad que deixasse a ajuda humanitária chegar a Waer, o que seria "um gesto de boa vontade" antes do início de uma nova rodada de negociações nesta quinta-feira, 23, em Genebra.
O'Brien lamentou "a indiferença flagrante da proteção dos trabalhadores humanitários" e afirmou que continuarão os esforços para chegar a Waer, onde 50 mil civis não recebem ajuda há quatro meses.
Mais de 310 mil pessoas morreram na guerra da Síria, que entrará em seu sétimo ano em abril, e mais da metade da população, cerca de 13 milhões de indivíduos, está deslocada.
O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, confessou que não esperava grandes avanços nas próximas negociações de paz, as primeiras desde as realizadas em abril entre o governo sírio e uma oposição enfraquecida. / AFP
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