Começa corrida eleitoral na Argentina

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Por Agencia Estado
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No mesmo instante em que Adolfo Rodríguez Saá pronunciava o "eu juro" à Constituição Nacional, na categoria de presidente provisório da Argentina por três meses, os diversos caciques do partido Justicialista (Peronista) começavam a preparar as campanhas para as eleições presidenciais do dia 3 de março de 2002. Quem vencer este sufrágio comandará o país desde o dia da posse, no 5 de abril, até o 10 de dezembro de 2003, completando assim o inacabado mandato do ex-presidente Fernando De la Rúa. As eleições serão através do sistema de "lei de lemas", denominação dada às sub-legendas. Ganhará a eleição o partido que obtiver mais votos, e dentro da legenda, a sub-legenda mais votada. A tentação de tirar o país da mais grave crise econômica da História é grande. Se o próximo presidente tiver sucesso, poderá apresentar-se para as eleições de 2003. Os analistas são unânimes em afirmar que o próximo presidente eleito será um peronista, já que a União Cívica Radical (UCR) começa um período de decadência, causada pelo fracasso da gestão De la Rúa. Candidatos Os peronistas que já estão na corrida são o governador de Córdoba, José Manuel de la Sota, e o governador da província de Santa Fe, Néstor Kirchner. De la Sota conta com medidas populares que aplicou em Córdoba, como a redução dos impostos em 30%. No entanto, os diversos conflitos sociais da província abalaram a imagem dele nas últimas semanas. O patagônico Kirchner exibe uma administração de sucesso e um curriculum vitae de constantes confrontos com o governo federal. Mas possui poucos fundos, além de um inexistente aparato político para uma campanha que promete ser feroz. O governador da província de Buenos Aires, Carlos Ruckauf, ainda não oficializou a candidatura, que é considerada inevitável. Extra-oficialmente afirma-se que já esteve sondando o presidente do Senado, Ramón Puerta, até ontem presidente interino, para que seja o vice. Ruckauf é quem possui o maior aparato partidário, e em sua província habita um terço dos eleitores de todo o país. Outra provável candidatura seria a de Carlos Reutemann, ex-piloto de Fórmula 1 e governador de San Fe. Reutemann é quem possui maior popularidade entre todos os peronistas. No entanto, diversos analistas consideram que seu estilo pessoal, taciturno e demasiado tranqüilo lembram o renunciado De la Rúa, fato que poderia afastar os eleitores na hora do voto. Por esta conjunção de fatos, o ex-piloto, de impecável fama de honestidade, seria o alvo de outros peronistas para tê-lo como forte vice-presidente. Pesquisas A convocação de eleições teve repercussão favorável na população, cansada do governo De la Rúa. Uma pesquisa do Centro de Estudos da Opinião Pública (Ceop) indica que 75,5% dos argentinos aprovam as eleições do dia 3 de março. Os peronistas obteriam 34,2% dos votos, enquanto que o Argentinos por uma República Igualitária (ARI), conseguiria 10 7%. A UCR de De la Rúa e do ex-presidente Raúl Alfonsín (outro presidente que não conseguiu concluir o mandato) ficaria com escassos 5,2%, pouco acima da Esquerda Unida, que teria 4% dos votos. Esta seria o pior desempenho eleitoral da UCR em toda a História. Segundo o Ceop, 10,4% impugnariam o voto ou votariam em branco, enquanto que 25,7% dos argentinos estariam indecisos. Leia o especial

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