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Começa julgamento de Fritzl na Áustria

Réu é acusado de incesto, estupro e assassinato depois de manter a filha prisioneira por 24 anos.

Por Luis Fernando Ramos
Atualização:

Começou nesta segunda-feira, na cidade austríaca de Sankt P¶lten, o julgamento de Josef Fritzl, o homem que aprisionou a própria filha durante 24 anos num porão em sua casa e gerou sete filhos com ela (um morreu após o parto). Fritzl se escondeu atrás de um fichário azul, ao entrar no tribunal da cidade. De acordo com seu advogado Rudolf Mayer, o réu deve se declarar culpado de quatro dos seis crimes de que é acusado: estupro, incesto, coerção e cárcere privado. Mas a defesa de Fritzl pretende provar sua inocência nas acusações de homicídio - Fritzl teria incinerado num forno de sua casa um bebê que teve com a filha Elisabeth e que teria falecido logo após o parto - e de prática de escravidão. De acordo com especialistas austríacos em Direito, isso o livraria da sentença de prisão perpétua e lhe daria a perspectiva de uma pena relativamente branda: 15 anos de prisão pela pena mais alta, a de estupro. De acordo com as leis austríacas, após sete anos e meio de pena ele teria direito a pleitear a liberdade. A Justiça do país estipulou uma duração de cinco dias para o julgamento e um veredicto é esperado para a sexta-feira à tarde no horário local. A juíza responsável, Andrea Humer, não quis fazer nenhum comentário sobre o caso, apenas afirmando que "é um processo como qualquer outro". Humer esteve presente durante a gravação do depoimento de Elisabeth Fritzl, a filha de Josef, feito em vídeo e com a duração de onze horas. Mas a promotora Christiane Burkheiser já adiantou que a gravação não será exibida na íntegra durante o julgamento. As deliberações serão feitas sem a presença da imprensa. Estima-se que 200 jornalistas tenham chegado à cidade para acompanhar o julgamento, mas eles terão acesso ao tribunal apenas durante a leitura das acusações, no início, e do veredicto, ao final do processo. Um porta-voz do tribunal dará declarações sobre o transcorrer do julgamento uma vez por dia. As autoridades austríacas tomaram medidas para resguardar a privacidade de Elisabeth Fritzl e seus filhos durante esta semana, colocando-os sob a proteção de médicos e policiais na clínica de Amstetten-Mauer, com o objetivo de evitar o assédio dos paparazzi. Há alguns meses, Elisabeth vive com a família sob uma nova identidade na região da Áustria Alta, mas em dezembro um fotógrafo captou imagens de um passeio dela e as fotos foram publicadas num jornal inglês, causando indignação na opinião pública austríaca. O caso veio à tona há menos de um ano, quando uma das filhas de Fritzl com sua filha Elisabeth ficou seriamente doente e teve que ser levada a um hospital. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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