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Começou a rendição dos talebans em Kunduz

Por Agencia Estado
Atualização:

Vencido o ultimato dado pela Aliança do Norte para que entregassem o poder em três dias, para evitar um banho de sangue em Kunduz, os primeiros 200 combatentes do Taleban renderam-se, nesta quinta-feira à noite, segundo fontes ligadas à aliança. Um acordo de rendição na cidade tinha sido acertado na véspera em Mazar-i-Sharif, pelo líder taleban mulá Fazil Muslimyar. Mesmo assim, tropas da aliança e do Taleban envolveram-se em pesados combates nesta quinta pela manhã, dando margem a rumores de que as negociações tinham fracassado. "Os combates ocorreram porque os talebans ainda não sabiam do acordo", afirmou o comandante da Aliança do Norte, Atta Mohammed. "Eles cessaram o fogo quando lhes dissemos: ´Vocês estão salvos e serão levados às suas províncias´." O comandante da aliança, Mohammed Daoud, confirmou que os combates ocorreram antes que o resultado das negociações fosse conhecido pelos talebans. Pela estimativa da Aliança do Norte, a tomada definitiva de Kunduz deve ocorrer no fim de semana, quando todos os aproximadamente 10.000 soldados do Taleban tiverem se rendido. De acordo com a rede de tevê americana CNN, o Taleban comprometeu-se a se retirar totalmente da cidade no domingo. Kunduz, última cidade ainda controlada pelo Taleban no norte do país, está sob pesado sítio da Aliança do Norte há dez dias. Isolados militarmente e sem rota de fuga, as opções para os talebans são render-se ou lutar até a morte. Entre os combatentes talebans estão aproximadamente 2.000 estrangeiros - principalmente árabes e paquistaneses - que temem ser mortos pela Aliança do Norte e resistem a render-se. Algumas testemunhas indicaram que o acordo de anistia em troca de rendição, oferecido pela aliança aos talebans, não se estende aos estrangeiros, que os comandantes da Aliança do Norte consideram "mercenários". "Quase todos os talebans afegãos aceitaram render-se, mas nenhum miliciano estrangeiro concordou em entregar as armas até agora", informou Daoud. "De todo modo, estamos dispostos a entrar na cidade e vamos fazer isso. Todos os que resistirem morrerão." A possibilidade de rendição dividiu os combatentes do Taleban e os estrangeiros. Fontes da aliança relataram episódios de choques entre os dois grupos, que se foram concentrando em Kunduz à medida que o Taleban ia perdendo o controle de cidades importantes do norte do país, como Mazar-i-Sharif e Herat. Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha estão pressionando a aliança para que não permita a fuga dos "mercenários" estrangeiros. Washington, principalmente, suspeita que eles estejam vinculados à organização terrorista Al-Qaeda (A Base), liderada pelo milionário saudita Osama bin Laden - acusado de ser o autor da série de atentados desfechada contra os Estados Unidos no dia 11 de setembro. "Esperamos que se possa evitar um banho de sangue em Kunduz", disse, por seu lado, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair. "Mas, ao mesmo tempo, está claro que essa gente não pode simplesmente escapar para depois reaparecer em outro lugar." Convidada para intermediar uma saída negociada para o impasse em Kunduz, a ONU negou-se a mediar um acordo, alegando falta de pessoal no local. Leia o especial

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