Comissão eleitoral rejeita recontagem em Timor Leste

Horta, que está no segundo turno, aderiu ao movimento de revisão dos votos

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Por Agencia Estado
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A comissão eleitoral de Timor Leste rejeitou nesta quinta-feira, 12, os pedidos de recontagem dos votos para presidente do país, onde deve ocorrer um segundo turno entre o primeiro-ministro José Ramos-Horta e o candidato do partido majoritário Fretilin, Francisco Guterres, o Lu-Olo. A votação de segunda-feira em geral foi tranqüila, mas os resquícios da disputa eleitoral e as acusações de irregularidades ameaçam abalar a já precária estabilidade da ex-colônia portuguesa, ainda muito dividida cinco anos depois de sua independência. Durante a noite, dezenas de pessoas fizeram uma vigília com velas perto de uma estátua da Virgem Maria em Dili, rezando pela paz. Martinho Gusmão, porta-voz da comissão eleitoral, disse que a comissão ofereceu uma reunião com os candidatos para discutir as supostas irregularidades, mas que não haveria recontagem nem uma mudança significativa dos resultados. "Se houver mudança, não será drástica. Nenhum candidato vai conseguir mais de 30 por cento", afirmou, confirmando que o Nobel da Paz Ramos-Horta e o ex-guerrilheiro Lu-Olo devem se enfrentar no segundo turno de 8 de maio. Em entrevista coletiva posterior, Gusmão disse que todas as reclamações serão levadas à Justiça. "Se a corte decidir que temos de fazer uma recontagem, faremos." Os resultados preliminares apontam vantagem de Lu-Olo, cuja Fretilin é mais organizada e tem mais apoio nas áreas rurais, com 29 por cento. Ramos-Horta, sem partido, tem 23 por cento. Ambos foram figuras de destaque na luta contra os 24 anos de ocupação indonésia em Timor Leste. A comissão eleitoral disse que ainda há disputas sobre a validade de 30 por cento dos votos. "Devemos entender que não estamos bem preparados para esta eleição e que as coisas são um pouco caóticas", admitiu Gusmão. Cinco candidatos pediram recontagem na quarta-feira, alegando irregularidades disseminadas, e Ramos-Horta também viu problemas na votação. "Acho que deveria haver uma outra contagem, porque há acusações sérias", afirmou o candidato a jornalistas. Mas ele salientou que, mesmo sem recontagem, aceitará os resultados, para contribuir com a estabilidade. Ele acusou policiais de alguns distritos de agirem como partidários da Fretilin. Ramos-Horta disse também que recebeu dos observadores da ONU o relato de que cerca de 150 mil timorenses não votaram, seja por falta de seções suficientes ou por causa do mau tempo. Na quarta-feira, o chefe dos observadores da União Européia, Javier Pomes Ruiz, disse que a votação em geral foi tranqüila, com comparecimento elevado do eleitorado. O secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, disse ter havido "uma bem montada campanha contra a Fretilin", que ele atribuiu a Ramos-Horta e ao atual presidente Xanana Gusmão. "Essa campanha inclui desinformação, abuso de poder e intimidação", disse o ex-premiê Alkatiri, destituído no ano passado devido ao caos que tomou conta de Timor em maio de 2006, por causa da demissão de 600 soldados amotinados no oeste do país - tropas estrangeiras tiveram de ser chamadas para restituir a ordem.

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