Comissão sobre Holocausto suspende trabalhos

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Por Agencia Estado
Atualização:

Uma comissão de historiadores judeus e católicos que investiga o papel do Vaticano no Holocausto suspendeu seus trabalhos, porque o Vaticano não liberou todos os arquivos sobre a época da Segunda Guerra mundial. A comissão, encarregada pela Santa Sé e por um grupo judeu de examinar as ações do papa Pio XII durante a guerra, divulgou um relatório preliminar em outubro. Nele, os historiadores enumeraram uma série de questões que gostariam de ver respondidas, antes de elaborarem um relatório final. Na ocasião, os especialistas manifestaram otimismo sobre a possibilidade de o Vaticano abrir os arquivos que guardam a correspondência entre Sua Santidade e bispos e governantes, para preencher o vazio de dados, a despeito dos 11 volumes de material da época da guerra fornecidos pela Santa Sé. Estes volumes descreviam a inclinação papal por uma diplomacia infrutífera, enquanto chegavam ao Vaticano informações sobre atrocidades. Mas, em muitos casos, os registros omitiam a resposta do Vaticano a essas informações. Em carta dirigida ao grupo em 21 de junho, o cardeal Walter Kasper, chefe do escritório da Santa Sé para Relações Religiosas, disse que os arquivos com data posterior a 1923 não estavam disponíveis por "razões técnicas". Eugene Fisher, coordenador da comissão e o mais alto representante ecumênico na Conferência Nacional dos Bispos Católicos em Washington, disse que os arquivos dos documentos posteriores a 1923 simplesmente não haviam sido catalogados e liberados para divulgação. O Vaticano, disse Fisher, tem apenas dois arquivistas para catalogar os documentos, e os libera lentamente a cada pontificado. "Não é uma questão de se os documentos serão liberados", disse ele, "mas de quando o serão". "É uma questão de tempo". Entretanto, o coordenador judeu do grupo, Seymour Reich, dirigente do Comitê Judeu Internacional para Consultas Inter-religiosas, disse não ter visto nenhuma carta de Kasper indicando que os documentos se tornarão acessíveis. Nenhum funcionário do Vaticano foi encontrado de imediato para comentar o assunto.

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