Comitê do Nobel é formado por 'palhaços', diz China

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Por AE
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O governo da China disse hoje que a "grande maioria" das nações não irá à cerimônia de entrega do Nobel da Paz, na próxima sexta-feira, em Oslo, na Noruega. O premiado do ano é o dissidente chinês Liu Xiaobo, que cumpre pena em uma cadeia do país. O governo chinês também afirmou que o comitê do Nobel é formado por "palhaços"."É possível ver claramente que a grande maioria da comunidade internacional não irá à cerimônia", disse Jiang Yu, uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. "Mais de cem países nos apoiam." Jiang também afirmou que "nós estamos contra qualquer um que interfira nos assuntos judiciários da China. Nós não mudaremos por causa da interferência de alguns palhaços".O professor e escritor Liu Xiaobo foi preso em dezembro de 2009. Ele cumpre pena de 11 anos por subversão, após ter assinado um manifesto chamado "Carta 08", que circulou pela internet pedindo uma reforma política e mais direitos na China. Pequim acusou a Noruega de minar as relações bilaterais e encorajar um "criminoso", após o comitê do Nobel da Paz, sediado em Oslo, anunciar o vencedor. O governo norueguês nota que não está envolvido com a premiação.A cerimônia, na sexta-feira, deve ocorrer sem Liu, ainda preso, e sem seus familiares mais próximos, que não devem conseguir deixar a China. O governo de Pequim tem pressionado os países para boicotar o evento.O comitê do Nobel informou que até agora 19 países informaram que não vão participar da cerimônia. Entre eles estão China, Rússia, Casaquistão, Cuba, Marrocos, Paquistão, Sérvia, Venezuela e Iraque. O comitê informou que 44 embaixadas estarão representadas no evento. Entre os países que participarão estão Índia, Brasil, África do Sul e Indonésia."Nós estamos encantados que dois terços dos países convidados nos deram uma resposta positiva", disse Geir Lundestad, diretor do Instituto Nobel em Oslo. "Estamos especialmente contentes que países como Índia, Brasil, África do Sul e até a Indonésia tenham dito sim. Isso significa muito para nós." Questionado sobre o termo "palhaço" usado pela China, Lundestad respondeu: "Isso não nos surpreende. Eles sempre usaram expressões fortes."Dissidente Um dissidente chinês que vive na Austrália disse que a polícia chinesa o prendeu no aeroporto de Xangai e o forçou a voltar para casa quando ele tentava viajar até a cerimônia do Nobel em Oslo. Zhang Heci, também cidadão australiano, afirmou ter sido maltratado no aeroporto de Pudong e reclamou do fato de ter sido obrigado a retornar à Austrália.Zhang enviou uma carta ao ministro das Relações Exteriores da Austrália, Kevin Rudd, relatando o caso. Ele disse ter obtido um visto no consulado chinês em Melbourne para visitar parentes e amigos na China antes de seguir para Oslo. Escritor e amigo de Liu, Zhang disse visitar a China todo ano, até então sem problemas. As informações são da Dow Jones.

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