Como acabar com o sofrimento na Síria

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Por , ELIE , WIESEL , É SOBREVIVENTE DO HOLOCAUSTO , GANHOU O PRÊMIO NOBEL DA PAZ , , ELIE , WIESEL , É SOBREVIVENTE DO HOLOCAUSTO e GANHOU O PRÊMIO NOBEL DA PAZ
Atualização:

ArtigoA história da Síria tornou-se agora ao mesmo tempo uma tragédia e um escândalo. Dia após dia, a polícia e o Exército do país humilham, amedrontam e assassinam dezenas de cidadãos. Velhos e jovens, ignorantes e formados, ricos e pobres: todos se tornaram alvos. E o dito mundo civilizado não está nem mesmo tentando impedir o massacre. Seus líderes fazem declarações, mas o derramamento de sangue continua. Quando questionados, nossos líderes simplesmente dão de ombros: "O que poderíamos propor quando um líder eleito de maneira pseudodemocrática detém, atormenta, tortura, mutila e assassina incessantemente centenas de seus cidadãos numa operação de larga escala? O que fazer para detê-lo?". Uma intervenção militar? Não. Por que não? Porque o povo americano está cansado de travar guerras distantes. Será que as famílias sírias devem sofrer em razão da ajuda que os americanos ofereceram a outros povos? Resoluções das Nações Unidas? Vergonhosamente, Rússia e China as invalidam. Sanções econômicas? O presidente Bashar Assad parece não temê-las. Qual seria, então, uma jogada estratégica que fosse operacionalmente recomendável e trouxesse possíveis resultados políticos? Não estou certo de que a resistência armada seja a única solução. As sanções econômicas já se mostraram relativamente fúteis em outras situações. Por que não imaginar outra opção capaz de produzir um efeito dramático? Por que não alertar Assad que, se não interromper a política assassina que está promovendo, ele será detido e levado ao Tribunal Penal Internacional, em Haia, e acusado de cometer crimes contra a humanidade? Uma acusação desse tipo teria aspectos desestimulantes. Ele perderia todo o tipo de apoio e simpatia no restante do mundo. Nenhuma pessoa respeitável aceitaria defendê-lo. Nenhum país lhe ofereceria abrigo. Nenhuma prescrição se aplicaria ao caso dele. Quando (se) ele perceber que, como o ex-ditador egípcio, Hosni Mubarak, seu fim será a desgraça, trancafiado numa cela, talvez ponha fim à sua insana luta criminosa pela sobrevivência. Por que não tentar? / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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